Influenciadoras digitais são investigadas por suposta conduta racista em vídeos no TikTok
Delegacia de Crimes Raciais abrirá inquérito para apurar o caso e possíveis crimes cometidos
Foto: Reprodução
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) anunciou que abrirá um inquérito nesta quarta-feira (31) para investigar a conduta de Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, influenciadoras digitais que divulgaram no TikTok vídeos nos quais entregam um macaco de pelúcia, uma banana e dinheiro para crianças abordadas nas ruas.
O caso veio à tona após a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, denunciar o ocorrido. Segundo a advogada, os vídeos apresentam o que é conhecido como "racismo recreativo", quando alguém utiliza a discriminação contra pessoas negras com o objetivo de se divertir. Não foram divulgadas informações sobre o local exato das gravações.
No inquérito que será conduzido pela Decradi, os investigadores analisarão se Kerollen e Nancy cometeram crimes de racismo ou injúria racial, além de verificar se infringiram alguma lei do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Os vídeos que circulam nas redes sociais são de Kerollen, que possui um canal onde publica conteúdo junto com sua filha, Nancy. Ambas residem no Rio de Janeiro. A dupla acumula mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões de inscritos no TikTok.
Em uma das gravações, Kerollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. O menino opta pelo presente, porém, ao perceber que se trata de uma banana, ele responde: "só isso?" e expressa descontentamento, afastando-se.
Em outro vídeo, a mulher aborda uma menina na rua e faz uma proposta similar, oferecendo a opção de escolher entre R$ 5 ou uma caixa. A criança opta pelo "presente", abre a caixa e percebe que se trata de um macaco de pelúcia. Ela aparenta ficar feliz, abraça o brinquedo e agradece a influenciadora.
A investigação conduzida pela Decradi visa esclarecer as circunstâncias dos vídeos, avaliar as ações das influenciadoras e determinar se houve violação de leis relacionadas à discriminação racial e proteção de crianças e adolescentes.