Informe da Abin indica que houve um esquema especial de trânsito para apoiadores de Bolsonaro em Brasília
Mensagem indica ação do Exército antes da invasão dos Três Poderes por manifestantes
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Uma informação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) expõe que o Exército planejou um esquema de trânsito para as caravanas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em direção a Brasília, visando "garantir maior fluidez". Essa ação ocorreu dois dias antes da invasão das sedes dos Três Poderes, coincidindo com uma intensificação dos protestos organizados nas redes sociais.
Segundo informações do R7, a mensagem enviada pelo ex-secretário de Planejamento e Gestão da Abin, Leonardo Singer, ao então diretor-adjunto da agência, Saulo Cunha, todos os acessos à Av. do Exército foram bloqueados para facilitar a chegada dos ônibus de caravanas ao quartel-general. O informe datado de 6 de janeiro, às 14h45, indicava que ainda não havia um aumento significativo de pessoas acampadas, mas observou a chegada de manifestantes com provisões.
Essa informação será objeto de questionamentos ao general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), em seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro. Ele será indagado sobre sua atuação no monitoramento do acampamento diante do quartel-general. Dutra é suspeito de ter impedido a dispersão da mobilização pela Polícia Militar do DF após os eventos extremistas de 8 de Janeiro. Em depoimento à CPI na Câmara Legislativa, afirmou que o Exército sempre teve a intenção de "desmotivar" o acampamento, mas que este não era considerado ilegal.
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres também relatou à CPI dos deputados distritais que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal tentou remover os manifestantes em mais de duas ocasiões, mas encontrou resistência do Exército. Sobre o informe entre os ex-membros da Abin, o Centro de Comunicação Social do Exército aguarda as apurações das autoridades competentes e não se pronuncia sobre processos investigativos conduzidos por outros órgãos.
As conversas obtidas pelo R7, parte do acervo de documentos sigilosos da CPMI que investiga os acontecimentos de 8 de Janeiro, incluem discussões sobre estratégias para "blindar" a Abin das consequências dos eventos. Singer também ressaltou a necessidade de alertar o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Gonçalves Dias, sobre um infiltrado que teria facilitado o acesso de extremistas a armas no Palácio do Planalto durante as invasões.