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Internação do papa Francisco completa uma semana com série de interrogações

Desde que Francisco deu entrada no hospital, o Vaticano busca mostrar transparência, com boletins médicos e notas diárias

Por FolhaPress
Ás

Internação do papa Francisco completa uma semana com série de interrogações

Foto: Divulgação/Vaticano

O papa Francisco, 88, completa nesta sexta-feira (21) uma semana de internação hospitalar, para tratar o que, no início, foi descrito como sintomas de bronquite, depois, um quadro clínico complexo de infecção polimicrobiana e, desde terça-feira (18), uma pneumonia bilateral. A situação deixa católicos em alerta, alimenta o clima de conclave e é alvo de afirmações falsas.

Desde que Francisco deu entrada no hospital Agostino Gemelli, em Roma, o Vaticano busca mostrar transparência, com boletins médicos e notas diárias, ainda que por vezes lacônicas. Nenhuma imagem de Francisco foi divulgada, e ele não foi visto à janela do hospital.

Nesta quinta-feira (20), segundo o mais recente boletim médico, as condições clínicas do papa apresentaram "leve melhora". Ele continuava sem febre e com parâmetros de exame de sangue estáveis.

Esta é a quarta internação do papa Francisco no Gemelli, a mesma estrutura que recebeu por dez vezes João Paulo 2º, morto em 2005. Lá, Francisco ficou internado durante dez dias em 2021, para uma cirurgia programada no intestino. Em 2023, foram nove dias para outra cirurgia abdominal, também agendada, e outros três dias para tratar uma bronquite. Esta é a mais longa internação não prevista de Francisco.

De forma oficial, o Vaticano diz que ele lê os jornais e toma café da manhã sentado em uma poltrona, mas falta clareza sobre a evolução do diagnóstico. É um quadro de resistência a antibióticos? Antes de ser internado, o tratamento com cortisona foi longo demais, a ponto de favorecer infecções? Houve demora na ida de Francisco para o hospital, já que desde o dia 5 ele apresentava dificuldades respiratórias?

São perguntas que os vaticanistas fazem na cobertura da imprensa italiana, buscando respostas com médicos especialistas de outros hospitais, já que o Vaticano não divulgou até agora os nomes da equipe médica que trata Francisco. Ao jornal Repubblica o pneumologista Francesco Blasi, falando em tese, aventa a hipótese de que a pneumonia não fosse ainda evidente nos exames iniciais. Entre as especulações, há quem diga que a internação pode durar semanas.

Fato é que nas semanas anteriores à chegada ao hospital, mesmo diante de sinais de condições respiratórias frágeis, o papa não diminuiu o ritmo de compromissos, entre cerimônias ligadas ao Jubileu da Igreja e as tradicionais audiências públicas e privadas. Inclusive ao ar livre, como no dia 9, em meio ao frio, quando precisou interromper a leitura da homilia.

Há o esforço da máquina de comunicação da Santa Sé de assegurar que o papa mantém parte de suas atividades mesmo em repouso, com a assinatura de documentos, nomeações e telefonemas com colaboradores -ou seja, não existiria um vácuo de poder.

As notas chegam quase em tempo real aos canais do Vaticano nas redes sociais. A visita feita pela primeira-ministra Giorgia Meloni, na quarta-feira (19), a primeira, ao menos publicamente, de alguém de fora do círculo do pontífice, foi interpretada como um sinal de que alguma estabilidade foi alcançada.

Desde o começo da semana, porém, circulam publicações que espalham o contrário. Um deles, com link para um suposto site de notícias em italiano, diz que o papa está em estado grave e que já teria recebido a unção dos enfermos, sacramento dedicado a quem corre o risco de morrer.

O Vaticano desmente extraoficialmente, e nomes do alto clero romperam o silêncio para falar em "direção certa de uma recuperação plena". "É claro que estamos todos preocupados, mas também estamos convencidos de que tudo o que é dito é exatamente o que acontece", afirmou nesta quinta o cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, equivalente à CNBB, colaborador próximo de Francisco e considerado um papável.

Outros também se manifestaram, mas acabaram colocando mais lenha na fogueira. Em entrevista a uma rádio italiana, o cardeal Gianfranco Ravasi afirmou que considera verossímil a hipótese de que Francisco possa eventualmente renunciar, como fez Bento 16 em 2013. "Não há dúvida de que, se ele se encontrasse em uma situação em que fosse comprometida sua possibilidade de ter contato direto, de poder comunicar em modo imediato, incisivo e decisivo, ele poderia decidir se demitir", disse.

O próprio papa Francisco já afirmou, em outras ocasiões, que não teria problema em renunciar se fosse impedido pela saúde, mas que esse momento ainda não tinha chegado. O que pode acontecer nas próximas semanas é imprevisível, mas é certo que a palavra conclave é cada vez mais pronunciada, ao menos do lado de fora do hospital Gemelli.

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