Intoxicação por metanol expõe mercado clandestino de reciclagem
“Recolhimento das embalagens descartadas é fundamental para dificultar a falsificação de destilados”, afirmou especialista

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O aumento dos casos de intoxicação por metanol depois da ingestão de bebidas em São Paulo expôs o mercado clandestino de reciclagem de garrafas pra adulteração ou falsificação de destilados.
“Neste processo de falsificação, envasar a bebida e colocar o lacre e um rótulo é fácil e barato. Recolher os vasilhames descartados também não é difícil. Se quem falsifica tiver de produzir as embalagens, o processo ficará muito mais caro e mais fácil de ser descoberto”, afirmou à CNN, o advogado Arhtur Rollo, especialista em Direito do Consumidor, ex-Secretário Nacional do Consumidor (Ministério da Justiça) e ex-Presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria.
Ainda de acordo com Rollo, as fábricas clandestinas de vasilhames ficariam à vista das autoridades e dos consumidores.
“A logística reversa, portanto, com o recolhimento das embalagens descartadas, é fundamental para dificultar a falsificação”, afirmou Rollo.
O diretor-Executivo da Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), Edson Pinto, defende que tudo ligado à reciclagem tem a logística reversa como regra e com isso, se alguém tem de fazer a recolha e a trituração dessas garrafas é a indústria que produz o produto e não os estabelecimentos que o revendem.
“Além do mais, especialmente a indústria cervejeira reutiliza as garrafas, após higienização das mesmas. Desta forma, tal medida (a de trituração, por exemplo), iria encarecer, essencialmente, o produto, por ter de se produzir matéria-prima nova”, afirmou.
Edson ressalta que os custos envolvidos no processo, para 97% de micro e de pequenas empresas, irá encarecer a produção e, com isso, os preços seriam repassados aos consumidores, onerando ainda mais o custo da alimentação fora do lar ao trabalhador que necessita fazer, pelo menos, uma refeição fora de casa, por dia.
“A Fhoresp reforça que a maneira mais eficaz de se combater as fraudes é a articulação das Forças de Segurança na identificação da origem dos grupos envolvidos nas práticas criminosas e acabar, na fonte, com a distribuição ilegal de bebidas no País”, disse.