Invasão à Ucrânia completa um mês; impactos são globais, diz economista
Sem perspectiva de fim, conflito no Leste Europeu provoca alta de preços e cenário de incerteza geopolítica
Foto: Agência Brasil
No dia 24 de fevereiro, Putin ordenou uma “operação militar especial na Ucrânia”. Em meio às especulações sobre de que forma aconteceria, quanto tempo duraria e se outros países iriam se envolver, só existia uma certeza: isso traria consequências a nível mundial. Agora, a um mês após a invasão, centenas de vidas de soldados se perderam e mais de 900 civis foram vítimas na Ucrânia. O mundo observa esses efeitos de longe, mas não ilesos.
Inconstância geopolítica, inflação, aumento do preço dos alimentos e combustível são algumas das consequências que podem ser sentidas no cenário global devido ao conflito, que não tem previsão para acabar. Os produtos da guerra vêm em uma espécie de efeito dominó e a instabilidade em todos os aspectos, principalmente econômicos, já pode ser observada em diversas nações.
Alex Gama, economista e conselheiro no Conselho Regional de Economia, explica de que forma isso acontece. “A Rússia distribui combustível, principalmente para a Europa, e isso tem pressionado os preços de commodities. Os barris de petróleo, por exemplo, chegaram à máxima de 136 dólares. Todos os derivados do petróleo têm a sua cotação de preço baseada nos barris, como a gasolina, gás de cozinha, óleo diesel e isso tem pressionado os preços, inclusive no Brasil”.
A Rússia e Ucrânia também se destacam na produção de trigo e fertilizantes; O economista chama a atenção para possível escassez e aumento de preço desses produtos também. “A questão dos fertilizantes pode pesar muito para a agricultura devido ao choque de oferta, que é quando os preços sobem devido à redução da oferta. Em relação ao trigo, isso chegará aqui no Brasil com o aumento do preço do pão, item importante na cesta básica”, analisa Alex.
Nos Estados Unidos, o impacto do conflito já pode ser observado através da alta da taxa de juros. Este efeito na número um da economia mundial traz resultados que serão sentidos no mundo todo, provocando um conjunto de inflações. Alex Gama reitera ainda que, no Brasil, o atual cenário de incerteza política contribui para elevar os riscos e afastar possíveis investimentos no mercado produtivo.
Linha do tempo
A invasão à Ucrânia pela Rússia gerou muitos questionamentos do porquê desse conflito. Afinal, quando tudo começou? A expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no leste europeu e a possível adesão da Ucrânia é listado como o principal motivo, mas o clima tenso entre os países de Putin e Volodymyr Zelensky não é de hoje.
Antes da dissolução da União Soviética, a Ucrânia fazia parte das 15 repúblicas integradas, até tornar-se independente em 1991. A nova nação passou a estabelecer vínculos com os países ocidentais, o que incomodou a Rússia e, desde então, a relação entre os países é marcada por tensões. Em 2014, Putin chegou a invadir a Crimeia, território ucraniano com forte lealdade russa, o que só intensificou o conflito.
Vladimir Putin alega que está tentando impedir um possível cerco à sua fronteira com a possível adesão da Ucrânia à Otan. O presidente russo também acusa a Ucrânia de genocídio nas regiões de Donetsk e Luhansk contra ucranianos de origem étnica russa. A Ucrânia, por outro lado, acusa a Rússia de tentar estabelecer o controle e influência da antiga União Soviética.
De acordo com a CNN, um assessor da Presidência da Ucrânia anunciou que a guerra deve se estender até maio. Tentativas de negociações foram feitas ao longo desse período, mas sem grandes avanços. A agência de notícias RIA divulgou informações de que Putin e o presidente francês Emmanuel Macron discutiram negociações de paz na última terça-feira, 22. No início desta semana, a Ucrânia recusou a rendição de Mariupol, cidade do leste ucraniano.