Invasão da Ucrânia pelas forças russas pode gerar impactos econômicos ao Brasil

A guerra da Rússia contra a Ucrânia pode impactar a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, por meio de três canais: combustíveis, alimentos e câmbio. A instabilidade pode gerar impactos na inflação e resultar no aumento nos juros, o que compromete o crescimento econômico. 

De acordo com a Sondagem da América Latina, divulgada nesta semana pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a turbulência vai agravar as incertezas existentes sobre a economia global nos últimos meses. 

Segundo a FGV, o principal canal é o preço internacional do petróleo, cujo barril do tipo Brent encerrou a semana em US$ 105, no maior nível desde 2014. O mesmo ocorre com o gás natural, produto do qual a Rússia é a maior produtora global, cujo BTU, tipo de medida de energia, pode chegar a US$ 30, segundo disse nesta semana em entrevista coletiva o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Rodrigo Costa.

As maiores pressões sobre combustíveis estão ocorrendo sobre o diesel, que não tem a adição de etanol e subiu 3,78% em janeiro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que funciona como prévia da inflação oficial.

Alimentos é o segundo canal. Isso porque a Rússia é o maior produtor mundial de fertilizantes, que também são afetados pelo petróleo. Atualmente, 20% dos fertilizantes comprados pelo Brasil são do mercado russo. 

O terceiro impacto será por meio do câmbio. O dólar, que chegou a atingir R$ 5 na quarta-feira (23), fechou a sexta-feira (25) a R$ 5,15 após a ocupação de cidades ucranianas por tropas russas. 

Caso o dólar se mantenha em alto, o Banco Central será obrigado a aumentar a taxa Selic mais que o previsto. Com isso, o crescimento econômico do país ficará ainda mais difícil.