Investigação aponta que morte de líder quilombola na BA tem relação com denúncia de tráfico de drogas na presença de criança
Arlindo Firmino de Brito, de 60 anos, foi morto a tiros na porta de casa no município de Condeúba
Foto: Reprodução
O líder quilombola Arlindo Firmino de Brito, de 60 anos, foi morto a tiros após atender a porta de casa, no sudoeste da Bahia. A principal linha de investigação é de que o assassinato tenha sido motivado por vingança, após Arlindo denunciar o comércio de drogas em uma residência onde morava uma criança. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (11), ao Farol da Bahia, por uma fonte ligada ao caso.
O crime aconteceu na terça-feira (8), na comunidade quilombola de Tamboril, em Condeúba, e foi presenciado pela filha da vítima. O suspeito, identificado como Wilson Pereira Pardinho, está foragido. Ele tem diversas passagens pela polícia pelos crimes de tráfico e contra o patrimônio, além de ter sido condenado a cinco anos e nove meses por furto, em Cuiabá.
Segundo as investigações, Arlindo era agente comunitário na área de saúde e realizava o acompanhamento de uma familiar de Wilson. Em uma das visitas ao imóvel, a vítima descobriu que o local era utilizado como ponto de drogas na presença da filha da paciente, uma criança que não teve a idade revelada.
Em 2023, o líder quilombola realizou uma notícia-crime no Conselho Tutelar denunciando o tráfico. As investigações apontam ainda que na semana anterior ao crime, a vítima teria discutido com o suspeito em um bar na comunidade.
Arlindo deixa esposa, seis filhos e um neto. De acordo com um morador da região, que preferiu não se identificar, a comunidade está abalada. “As pessoas estão aterrorizadas. Ele era uma pessoa muito querida por todos, uma grande força para a comunidade de Tamboril”, disse.
Em nota, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (CONAQ), definiu o crime como “covarde”, e cobrou uma investigação prudente das autoridades. "Há anos presenciamos um longo histórico de violência e brutalidade para com os quilombolas. Representa uma perda irreparável não só para sua comunidade, mas para todos que estão aguerridos dia e noite para assegurar o cumprimento das políticas mais básicas para seus quilombos”.
A Polícia Civil realiza oitivas e diligências para localizar o suspeito. O caso é investigado pela Delegacia Territorial de Condeúba.
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