Investigação da PF apreende coleção ilegal de animais exóticos da África em mansão no Brasil
Empresário mantinha em casa vários bichos africanos selvagens taxidermizados sem documentação do Ibama
Foto: Reprodução/TV Globo
Durante investigação de lavagem de dinheiro, a Polícia Federal apreendeu uma coleção de animais selvagens trazidos da África. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a maioria deles estavam sem documentação. O caso ocorreu na casa do empresário Arthur Rondini, em São José do Rio Preto, município em São Paulo.
Nas paredes da casa do empresário Arthur Rondini havia um acervo clandestino: antílopes, búfalos, um hipopótamo, uma girafa. De um total de 19 animais apreendidos, 12 não tinham licença para estar no Brasil e foram apreendidos pelo Ibama. O delegado esclarece que, se comprovada a irregularidade, será instaurado um inquérito para investigar o crime de contrabando de cada animal que foi importado.
Os outros sete animais - incluindo o hipopótamo e o leão - estão legalizados, mas também foram apreendidos pela PF como parte do bloqueio de bens. Eles ficaram no imóvel, mas o empresário não pode vendê-los nem retirá-los.
Com ajuda do Ibama, a PF descobriu a origem dos animais encontrados na casa.
"O investigado é caçador profissional. Ele praticava essa caça no continente africano, depois trazia a carcaça dos animais, depois são empalhados e estavam expostos na casa dele”, explica o delegado.
A investigação também descobriu que Arthur praticava a chamada "caça enlatada". "O animal é criado amansado dentro de um ambiente controlado, tem os instintos ali suprimidos e é solto em um ambiente fechado só para o momento da caça”, explica João Alvarez de Sá, do Ibama.
A caça de animais selvagens é permitida na África, desde que a espécie não esteja ameaçada de extinção. Mas, é preciso autorização do Ibama para trazer peles e carcaças ao Brasil e fazer a taxidermia, procedimento popularmente conhecido como "empalhamento", porque antigamente era feito com palha e pode custar mais de R$100 mil por animal.
Ao retornar ao país, Arthur Rondini enviava as peles dos animais para passar pelo procedimento. A Polícia Federal acredita que tanto as viagens quanto a taxidermia eram bancadas por Arthur com o esquema de lavagem de dinheiro.
Além dos animais, foram encontrados na mansão dinheiro, ouro e muitas armas, a Polícia Federal realizava uma investigação de um esquema bilionáro de lavagem de dinheiro fruto do garimpo ilegal de ouro no Mato Grosso e Pará.
Em nota ao Fantástico, programa da TV Globo, os advogados de Arthur Rondini afirmaram que ele é inocente da acusação de lavagem de dinheiro. E que ele é CAC - colecionador, atirador esportivo e caçador -, e que suas armas estão regularizadas e os animais taxidermizados foram legalmente importados.
Em 2021, a PF descobriu o esquema de lavagem de dinheiro, após desconfiar da movimentação financeira de duas empresas. Juntas, em cerca de um ano, elas movimentaram R$180 milhões, mas as sedes eram casas simples de dois bairros de São Jose do Rio Preto. O delegado declarou que os investigados constituíam empresas em nome de terceiros para fazer movimentação do dinheiro.
De acordo com o delegado, um dos objetivos da investigação é tentar recompor o patrimônio, o que foi perdido, o patrimônio da União. Então, todos os bens que foram apreendidos, inclusive os animais, podem ter uma destinação de, por exemplo, leilão e uma reversão desse valor aos cofres públicos.