Investigações do MPF sobre violência política contra mulheres elevam em 151%
Segundo o órgão, até o início de agosto, eram contabilizados 31 inquéritos do tipo, número que saltou para 78
Foto: Reprodução/Agência Brasil
O número de casos de violência política contra mulheres mais que dobrou entre 8 de agosto, quando a lei completou um ano em vigor, e 2 de outubro, dia do primeiro turno das eleições. Como mostram dados do MPF, até o início de agosto, eram contabilizados 31 inquéritos do tipo, número que saltou para 78 durante a campanha.
Entre os 58 registros que especificam local da violência ou ameaça, 36 ocorrem nos ambientes virtuais da internet, o que representa cerca de 62% dos casos com esse detalhamento, revelam dados obtidos pelo GLOBO.
Esta é a primeira eleição sob a vigência da nova lei, que reconhece a violência política direcionada às mulheres. Antes do pleito, a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garantiram enfrentar o tema. A medida tem como objetivo facilitar o acesso a canais de denúncia e agilizar o compartilhamento de informações para facilitar as investigações.
"O aumento nas denúncias reflete maior conscientização das vítimas e do seu entorno e o acirramento das formas de violência durante a campanha com a proximidade das eleições", pontuou a analisa Raquel Branquinho, procuradora responsável pelo Grupo de Trabalho (GT) Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero do Ministério Público Eleitoral.
"Esse aumento era esperado por ser uma campanha acirrada, polarizada em relação às ideologias morais e questões de comportamento e de descaracterização do outro", destacou em entrevista.
Além dos casos de violência, o MPF registra pelo menos 17 procedimentos sobre irregularidades na distribuição de dinheiro e meios pelos partidos entre candidaturas femininas. Há também denúncias de candidatas que afirmam não terem recebido recursos públicos dos fundos partidário e eleitoral acessados pelas siglas.