Israel bombardeia Gaza apesar de apelo de Trump, e negociadores se preparam para reunião no Egito
Mesmo após aceitação parcial do plano de Trump, hostilidades continuam na Cidade de Gaza.

Foto: Reprodução
Israel afirmou neste sábado (4), um dia após o grupo terrorista Hamas anunciar que aceita parte do plano de Donald Trump para o fim da guerra em Gaza, que continua suas operações na Cidade de Gaza e advertiu os palestinos deslocados pelo conflito para que não retornem, apesar do pedido dos Estados Unidos para que Tel Aviv pause os bombardeios.
As Forças Armadas afirmaram que a cidade segue sendo uma "zona de guerra perigosa". Os bombardeios israelenses continuaram neste sábado, ainda que com menor intensidade.
Segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas, seis pessoas morreram devido à ofensiva. Um dos ataques matou quatro pessoas em uma casa na capital do território palestino, e o outro deixou duas vítimas em Khan Younis, na região sul.
A Jihad Islâmica Palestina, um grupo armado aliado do Hamas que também mantém reféns, apoiou neste sábado a resposta do grupo ao plano dos EUA, num movimento que pode ajudar a abrir caminho para a libertação dos israelenses sequestrados.
Também neste sábado, na Europa, milhares de manifestantes foram às ruas na Espanha, Itália e Reino Unido para pedir o fim da guerra.
O Hamas aceitou na sexta (3) partes da proposta de Trump, e no mesmo dia o gabinete do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que "Israel está preparado" para a implementação imediata da primeira fase do plano.
Segundo a imprensa local, Israel se prepara para enviar negociadores para o Egito. Segundo relatos, as conversas poderiam começar já neste domingo (5), provavelmente na cidade turística de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho. O enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, estaria a caminho da região.
Um alto dirigente do Hamas, que falou sob condição de anonimato à agência AFP, disse que o Egito sediará uma conferência de diálogo entre os diferentes facções e grupos terroristas que atuam no território palestino para decidir o futuro de Gaza quando a guerra terminar.
Em meio ao otimismo, várias questões continuam sem solução, como se o Hamas aceitará se desarmar — uma das principais exigências de Israel. À rede qatari Al Jazeera, um membro da liderança do Hamas que não quis se identificar disse que não seria possível aceitar a proposta de Trump sem mais negociações e que a libertação dos reféns provavelmente demoraria dias.
As famílias dos reféns voltaram a pedir na sexta que Netanyahu trabalhe para fechar um acordo que traga de volta os 20 que ainda estariam vivos e os 28 corpos dos restantes. O plano de Trump prevê que a libertação aconteça em 72 horas, o que o membro do Hamas ouvido pela Al Jazeera disse ser pouco realista.
O Hamas concordou também com uma das exigências vistas como mais trabalhosas do plano: aceitou abrir mão do poder na Faixa de Gaza e entregá-lo a um governo tecnocrático, como queria Trump. Entretanto, o grupo terrorista afirma querer participar da "estrutura nacional palestina" que ajudará a formar esse governo.
Ainda não está claro de que forma essa participação se daria, e o Hamas afirma estar disposto a mais negociações para que se chegue a um acordo.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que esta é "uma oportunidade crítica" para pôr fim "à matança e ao sofrimento em Gaza". O Itamaraty afirmou em nota que "acompanha com atenção" as discussões e que defende a "restauração da unidade político-geográfica da Palestina" e "a retirada das forças israelenses do território".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que governa parcialmente a Cisjordânia, disse que a Palestina está em um momento decisivo e reafirmou que pretende realizar eleições um ano após eventual cessar-fogo no conflito. Abbas afirmou ainda que um esboço de Constituição temporária está em produção para servir de base para transição a um Estado palestino.
O Egito disse que trabalhará "com todos os esforços" junto a países árabes, europeus e os EUA para garantir um cessar-fogo permanente em Gaza, e o Qatar disse já ter iniciado trabalho de coordenação para que "a guerra possa terminar".