Israel é principal responsável por recorde de jornalistas mortos em 2024, diz ONG
Segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas, 124 jornalistas em 18 países foram assassinados em 2024, o pior ano em mais de três décadas de série histórica
Foto: Alan Santos/PR
O Estado de Israel foi responsável por quase 70% das mortes de jornalistas em 2024, ano em que esse número atingiu um recorde. É o que aponta um relatório publicado nesta quarta-feira (12) pela ONG Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ).
Segundo o CPJ, 124 jornalistas em 18 países foram assassinados em 2024, o pior ano em mais de três décadas de série histórica. Destes, 85 teriam sido mortos pelas Forças Armadas de Israel no contexto dos ataques de Tel Aviv contra a Faixa de Gaza durante a guerra que trava com o grupo terrorista Hamas.
Em dez desses casos, os jornalistas não foram mortos como consequência de um ataque, mas eram o alvo deliberado do Exército israelense, afirma o CPJ. Além desse número, a ONG diz que há investigações em curso sobre outros 20 casos nos quais Israel é acusado de matar profissionais da imprensa de propósito.
O CPJ, uma das principais entidades envolvidas na defesa da liberdade de expressão no mundo, acusou Israel de tentar impedir as investigações, culpar os jornalistas pelas próprias mortes e ignorar obrigações legais de responsabilizar os militares envolvidos.
As Forças de Defesa de Israel disseram em resposta que as acusações do CPJ são vagas e que, por isso, não pode realizar investigações a respeito das mortes. Acrescentou ainda que sempre toma precauções para minimizar o dano a jornalistas e civis em suas operações e que "nunca teve nem nunca terá jornalistas como alvo".
De acordo com números do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, a campanha militar conduzida por Israel no território palestino já matou mais de 46 mil pessoas desde o estopim do conflito em 7 de outubro de 2023, quando 1.200 israelenses forma mortos pela facção em ataque terrorista.
De acordo com o CPJ, o número de jornalistas mortos em 2024 é um aumento dramático em relação aos últimos anos --em 2023, foram 102 mortos, e em 2022, 69. Antes, o maior número havia sido registrado em 2007, no contexto da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, quanto 113 jornalistas foram mortos.
Em 2024, depois de Gaza, os países onde mais profissionais da imprensa morreram foram o Sudão e o Paquistão, de acordo com o CPJ.
Em nota, a presidente da ONG, Jodie Ginsberg, disse que "esse é o momento mais perigoso da história do CPJ para jornalistas". "A guerra em Gaza não tem precedentes em seu impacto contra jornalistas e demonstra grande deterioração em normas globais para proteger profissionais da imprensa em zonas de guerra".