Itamaraty: diplomata manda “pênis com asas” para colega; caso termina na PF
Uma “brincadeira” realizada por um embaixador gerou uma confusão que foi parar na corregedoria do Itamaraty e também na Polícia Federal

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A “5ª série que habita em nós” pelo visto também está nos membros do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Isso justificaria uma “brincadeira” que terminou na Polícia Federal (PF).
E a “brincadeira” que incluiu graduados diplomatas do Itamaraty foi levada para outro patamar, por uma carta em que a mensagem continha somente o desenho de um “pênis com asas”. No geral, um “caralho voador”. Uma “pegadinha infantil”, declarou um dos envolvidos. Segundo informação divulgada pelo Jornal O Globo.
Tudo iniciou quando o primeiro-secretário Cristiano Ebner, chefe da Divisão de Saúde e Segurança do Servidor (DSS), recebeu uma carta de uma “Fundação Kresus”, que, contudo, não detectava de quem seria o verdadeiro remetente. Nada de texto: somente o desenho do pênis voador. O primeiro-secretário não achou graça na “brincadeira” e mandou o trote para a Corregedoria do MRE.
Temeu pela segurança
No período, Ebner ainda não conseguia saber quem era o remetente da carta. Porém, como o trabalho dele é investigar exames admissionais e perícias médicas, que podem gerar o retorno de um servidor ao exterior ou atrasar sua remoção do Brasil por assuntos de saúde, ocorrências que podem chatear colegas de Itamaraty, ficou apreensivo pela segurança dele.
Perante a repercussão, o incidente foi comunicado à embaixadora Daniella Ortega, chefe imediata do diplomata, que o recomendou que levasse o caso para a Justiça. Foi quando ele mobilizou a PF, que começou uma investigação.
Em agosto do ano passado, os investigadores localizaram através das imagens do circuito de segurança da agência dos Correios quem teria realizado o trote. É Pablo Cardoso, embaixador radicado em Lisboa e ministro-conselheiro do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Pegadinha infantil”
O que gerou a “brincadeira” apresenta-se característico da “5ª série”: o ministro-conselheiro declarou a colegas em Lisboa que, se por acaso recebesse uma determinação numa sexta-feira, iria aprontar.
Cardoso recebeu uma instrução da DSS. Ele, então, pediu que um amigo postasse o “caralho voador” para o chefe da DSS. Ao receber, Ebner conduziu o trote para a PF.
Dois meses depois do caso, Cardoso mandou uma mensagem de WhatsApp para Ebner cujo se apresentou como autor da carta e disse que era uma “pegadinha infantil”. Cardoso, abismado que a corregedoria e a PF estavam envolvidas no caso, solicitou que Ebner desistisse da representação. Contudo, o chefe do DSS optou por prosseguir com o caso.
Em outubro do ano passado, Cardoso assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), se comprometendo a preservar um comportamento pertinente com seu cargo em um prazo de 24 meses.
A Corregedoria optou por não abrir um processo administrativo disciplinar e a PF arquivou o caso por “falta de elementos para a consumação do delito” de ameaça.