Áudio: Jerônimo volta a criticar tarifaço: "Isso não é diplomático; se mexe nas regras do jogo, com o jogo acontecendo"
Entre as medidas analisadas, estão a redistribuição dos produtos para supermercados nacionais, parceria com a APEX e a busca por novos parceiros comerciais

Foto: Farol da Bahia
Durante a cerimônia de entrega da Medalha da Ordem 2 de Julho, nesta quinta-feira (31), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), voltou a criticar as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, classifica a medida como "anti-diplomática". O gestor também revelou medidas que estão sendo debatidas para amenizar a situação.
"É muito ruim quando se mexe nas regras do jogo, com o jogo acontecendo. Isso não é diplomático. Os empresários do Brasil, que investiram ao longo de sua história, sejam produtores de minério, sejam produtores de frutas, de celulose, derivados de petróleo, essas pessoas se prepararam, tomaram empréstimos, ou utilizaram do seu capital como custo para poder garantir aquele contrato", pontuou Jerônimo.
"Para um grupo empresarial exportar manga, é preciso que ele se prepare durante anos, às vezes até uma década, para chegar naquela maturidade. E não se pode, com um anúncio irresponsável, anti-diplomático, desfazer de um contrato como se os produtores tivessem a obrigação de bancar a chegada desses produtos nas prateleiras norte-americanas", declarou.
O governador também comemorou a isenção de alguns produtos, como a celulose e os derivados de petróleo, das tarifas, mas lamentou que produções como a manga, importantes para municípios como Juazeiro e Casanova, continuarão sendo taxadas.
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Jerônimo revelou que, durante a próxima semana, terá um encontro com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), com deputados do Consórcio Nordeste e com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CODS). Na quarta-feira (6), o governador se reunirá com o presidente Lula ou Geraldo Alckmin, onde irão discutir ações para os setores e as cadeias afetadas com a decisão, além de desenvolver medidas de prevenção.
Segundo o petista, em reunião com a Associação Baiana de Supermercadistas (ABASE), foi levantada a possibilidade de redistribuir os produtos que sofrerão com as tarifas, como é o caso da manga. "Essa manga, que deverá não ser exportada, que as prateleiras dos supermercados possam absorver uma parte dela, mesmo sabendo que essa manga é uma manga tipo exportação. Então, se um quilo de manga hoje a gente compra por 8 ou 9 reais, essa manga deverá chegar no mercado baiano, com 30, 40, até 50 reais. Então, tem que ter um público diferenciado, que ela é feita para isso", afirmou.
O gestor destacou também a chegada do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) na Bahia. "A Bahia sediará um escritório da Apex, que serve para poder articular novos nichos de exportação. Então, nós teremos o apoio do governo federal, dialogando conosco, estudando, diagnosticando. Abrindo portas para que a gente possa exportar para outros lugares".
"Há uma regra na economia que não se deve colocar todos os ovos numa cesta só. E nós, quando vimos que os Estados Unidos praticou uma ação dessa natureza, que a qualquer momento pode ser praticada, temos que ter outros mercados para exportar", pontuou.
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