Jornalistas da Folha assinam carta contra artigo sobre 'racismo reverso' no Brasil
Mais de 180 profissionais pedem mudança de comportamento do veículo sobre o assunto
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Para rechaçar o artigo “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo”, mais de 180 jornalistas da Folha de S. Paulo assinam uma carta aberta direcionada à secretaria de redação e ao conselho editorial do veículo. No texto, os profissionais questionam a ideia central do artigo escrito pelo colunista Antonio Risério e mostram descontentamento diante um padrão que, segundo eles, vem se repetindo no veículo nos últimos tempos.
"Todo o mundo sabe que existe racismo branco antipreto. Quanto ao racismo preto antibranco, quase ninguém quer saber. Porém, quem quer que observe a cena racial do mundo vê que o racismo negro é um fato", diz trecho do artigo.
“Reconhecemos o pluralismo que está na base dos princípios editoriais da Folha e a defesa que nela se faz da liberdade de expressão. No entanto estes não se dissociam de outros valores que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana. A Folha não costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura, terraplanistas e representantes do movimento antivacina. Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil”, registram os jornalistas na carta.
“Convidamos a uma reflexão e uma reavaliação sobre a forma como o racismo tem sido abordado na Folha. Acreditamos que buscar audiência às expensas da população negra seja incompatível com estar a serviço da democracia”, seguem os jornalistas.