Juiz faz questionamentos sobre prisão de músico negro no RJ
Luiz Carlos Justino foi transferido de prisão mesmo com alvará de soltura
Foto: Reprodução/Redes Sociais
A prisão do músico Luiz Carlos Justino, detido por engano no Centro de Niterói na última quarta-feira (2), e libertado ontem (6), causou perplexidade no juiz André Luiz Nicolitt. No alvará de soltura, ele escreveu: “Por que um jovem negro, violoncelista, que nunca teve passagem pela polícia, inspiraria desconfiança para constar em um álbum?’’ E criticou o reconhecimento fotográfico: “Não há previsão legal acerca da sua existência”.
Mesmo após alvará de soltura expedido pelo plantão judiciário na noite de sábado, ele foi transferido na mesma noite da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, para a Cadeia Pública Juíza Patrícia Lourival Acioli, em São Gonçalo, sem a família e advogado serem avisados.
"Foi uma prisão totalmente arbitrária e ilegal. Vamos zelar pela manutenção da liberdade dele, absolvição e, posteriormente, reparação judicial desse caso gravíssimo que traduz o racismo institucional e estrutural que temos no nosso país", afirmou a advogada Sônia Ferreira Soares, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ.
Segundo a Polícia Civil, Luiz foi apontado por traficantes, em 2014, como suspeito de integrar uma facção, por isso, sua foto entrou no banco de imagens. Através dela, uma vítima de roubo diz que o reconheceu. Luiz tem 23 anos, é negro, violoncelista e integra a Orquestra de Cordas da Grota, em Niterói, desde os 6 anos.
Também é casado e pai de uma menina de 3 anos. Ao sair da cadeia, o morador da comunidade da Grota do Surucucu, em São Francisco, disse não ter dormido direito as quatro noites que passou encarcerado. E que sentiu medo de morrer na prisão.