Juro do crédito imobiliário não será reduzido a curto prazo, diz associação
Valor continuará no patamar dos dois dígitos
Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
Os juros do crédito imobiliário, que estão em dois dígitos, não devem ser reduzidos nos próximos meses, segundo a avaliação da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Embora a redução da taxa Selic abra espaço, a cobrança de taxas mais baixas pelos bancos dependerá do comportamento da poupança, que teve saques de mais de R$150 bilhões nos últimos dois anos.
"Não identificamos uma redução de taxa do crédito imobiliário no curto prazo", afirmou o presidente da Abecip, Sandro Gamba, em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 24, para tratar dos resultados do setor no ano passado e as projeções para este ano.
A Abecip espera que o crédito para a habitação bata recorde em 2024, graças às linhas que utilizam recursos do FGTS e que têm taxas mais baixas.
Nas linhas que usam dinheiro da poupança, os bancos elevaram no ano passado os juros para a casa dos dois dígitos porcentuais.
De acordo com o Banco Central, a taxa média praticada pelo mercado estava em 10,8% ao ano em novembro de 2023, 0,4 ponto porcentual superior ao de um ano antes. O pico de taxas foi em julho, quando o juro médio chegou a 11,9%.
Entre os cinco maiores agentes do financiamento imobiliário no País, a Caixa Econômica Federal, líder no setor, e o Banco do Brasil mantêm juros a um dígito anual nas linhas que usam recursos da poupança, mesmo tendo acompanhado a elevação de taxas.
As taxas têm sido mantidas pelos bancos desde o primeiro semestre de 2023.
Além da Selic a dois dígitos, a redução da poupança pressionou os custos dos bancos. No fim do ano passado, o saldo das cadernetas direcionado ao crédito imobiliário era de R$747 bilhões, 2,2% menor que em 2022. Os saques líquidos somaram R$72 bilhões, o segundo pior resultado dos últimos dez anos.
Ficaram atrás somente dos saques em 2022, de R$81 bilhões.
Em 2020, o auxílio emergencial deu um impulso de R$125 bilhões à poupança, mas o saldo tem caído desde então. A variação abriu uma avenida para que outras fontes de financiamento ganhassem espaço no cardápio do setor, como as letras imobiliárias garantidas (LIGs) e as letras de crédito imobiliário (LCIs).
Essas e outras fontes alternativas foram de 34% a 40% do financiamento ao crédito imobiliário entre 2022 e 2023.