Justiça manda recolher exemplares de revista com reportagem que denunciou Bolsonaro
Exemplares devem ser retirados de mais de 5 mil postos espalhados pelo Brasil
Foto: Marcos Corrêa/PR
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou que sejam recolhidos os exemplares da Revista Piauí que citam a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro no programa Mais Médicos. As revistas devem ser retiradas de mais de 5 mil pontos de venda espalhados pelo Brasil.
A reportagem que mostra a influência do governo Bolsonaro no programa Mais Médicos indica casos de nepotismo, irregularidades administrativas, denúncias de assédio moral e mau uso de verba pública. Em um parágrafo, o texto faz referência a uma denúncia, entregue ao Ministério da Saúde, apontando que amigos de dirigentes do órgão estavam assumindo bons cargos.
Entre os amigos estava um casal, que entrou com um processo judicial contra a revista, alegando que a matéria noticia “fato inverídico”. A Justiça do Distrito Federal decidiu, em junho, a retirada dos nomes sob pena de multa no valor diário de R$ 10 mil.
Depois de recursos por parte da Revista Piauí, um desembargador manteve a ordem de suprimir os nomes. Para o magistrado, a restrição à divulgação do nome e da imagem “não implica prejuízo imediato e irreparável ao exercício da atividade jornalística”, sobretudo por se tratar de “medida facilmente reversível, tanto nas futuras reedições impressas quanto nas digitais”.
Em nota conjunta, organizações de defesa do jornalismo repudiaram a “censura, remoção de conteúdo e recolhimento de Revista Piauí”. O documento afirma: “As decisões da Justiça de Brasília representam censura ao trabalho de imprensa. É preocupante e lamentável que uma decisão do Poder Judiciário leve à retirada da publicação das bancas de revistas, remontando tempos funestos da história brasileira”.