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Cultura

Lacoste é criticada após excluir rappers e funkeiros de campanha publicitária

Nas redes sociais, internautas apontam que marca não valoriza a periferia

Por Da Redação
Ás

Lacoste é criticada após excluir rappers e funkeiros de campanha publicitária

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um debate acerca do lugar da periferia emergiu nas redes sociais após a Lacoste, marca de luxo francesa, inaugurar o primeiro perfil brasileiro no Instagram e, logo depois, lançar uma campanha publicitária dando destaque para o ator João Guilherme. De maneira geral, os internautas criticaram a marca por não chamar um rapper ou funkeiro para estrelar o lançamento, já que esses artistas constantemente aparecem em clipes usando roupas da grife e também fazem referências ao “jacaré" nas letras das músicas. 

Símbolo de ascensão social para artistas periféricos, a Lacoste se viu no centro de uma polêmica. A repercussão da campanha foi tamanha que, no Twitter, o nome da marca ganhou lugar na lista de assuntos mais comentados. Intitulada de “Crocodilos Jogam Juntos”, uma tradução da versão global “Crocodiles Play Collective”, a ação publicitária traz como bandeira a diversidade e a celebração das diferenças. Para divulgar o lançamento do perfil brasileiro da marca no Instagram, foram convidados o cantor Jão, o ator João Guilherme, a empresária Helena Bordon e a modelo Pretta Mesmo.

Nas redes sociais, os internautas cobraram a presença de artistas que exaltam a grife: ''Cadê o Kayblack, o Kyan, os cara do funk que deixa a Lala rica?'', questionou um usuário no post do vídeo da Lacoste.  Além disso, algumas pessoas também questionaram se a Lacoste gostaria de associar seu nome e seus produtos a artistas periféricos. “A Lacoste colocou um influenciador rico e branco para sua nova campanha. Assim como a Oakley, fica cada vez mais evidente que essas marcas, ao invés de se juntar com o funk e o rap, querem se desassociar da periferia. E só agradecem por receberem propaganda gratuita”, afirmou outro internauta.

“A única marca que não toma conhecimento da grandeza dos artistas de favela é a Lacoste. A Tommy patrocina o Hariel, a Adidas patrocina um monte de artista, a Nike também, e por aí vai... A gente fomenta a cultura da marca no Brasil, DE GRAÇA, simplesmente de graça”, completou.

Gêneros musicais oriundos da favela, como o rap, trap e funk, movimentam bilhões de reais na indústria musical. A música "Tropa da Lacoste", do rapper Kyan, por exemplo, tem quase 10 milhões de visualizações no YouTube. O artista disse, no Twitter,  que fala da Lacoste como símbolo de conquista. Segundo ele, um “favelado” que tem condições de comprar roupas de grife serve como modelo de inspiração para outros jovens da periferia. Logo após a polêmica da campanha, ele escreveu:

 

Para o trapper Kayblack, dono da música “Jacaré Que Dorme”, a marca também é símbolo de poder e ascensão social: "Meu amor pela Lacoste foi desde criança, só que como eu não tinha muita condição, eu não podia [comprar]. Sempre foi um sonho desde moleque e, agora, poder usar e portar tudo com meu dinheiro e trabalho é gratificante. [...] A maior grana que gastei com a Lacoste, de uma vez só, foi 27 mil'', contou o artista no vídeo Coleção de Lacoste do Kayblack - Um Milhão de Jacarés!, publicado no canal Kondzilla, em março deste ano.

Em resposta às críticas, a grife chamou novos artistas para divulgar a campanha, como MC Dricka, MC Jottapê e Kyan, que já tinha falado que não citaria mais o nome da marca em suas músicas. Logo após o convite, ele publicou:  “Não sou vira-lata, não vou aceitar que apenas me usem. Sou um artista que fecha contrato de acordo com minha proporção, não quero mimos”.

Nicole Balestro, CEO da gravadora Ceia Ent., responsável por cuidar da carreira de Kyan, também se posicionou nas redes sociais: “Vivo sempre longe de polêmica, mas a Lacoste se passou, hein? Não é sobre quem tá, mas quem deveria estar. E esse efeito de ‘tornar invisível quem legitima a marca’ é só a ponta do iceberg, quando falamos de preto e favelado como consumidores em potencial. As marcas fogem disso com o discurso de ‘posicionamento de mercado''', escreveu a empresária. 


 

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