Lava Jato: Diálogos indicam que procurador cogitou preventiva de Lula para agradar Moro
Defesa do ex-presidente Lula enviou ao STF na última segunda (15) os novos diálogos
Foto: Agência Brasil
A defesa do ex-presidente Lula enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (15), um documento com conversas de integrantes da Força-Tarefa da Operação Lava Jato em um grupo do Telegram. Os novos diálogos indicam que os integrantes do Ministério Público Federal do Paraná se sujeitavam ao ex-ministro Sergio Moro. De acordo com o documento, no dia 7 de abril de 2018, depois do STF negar habeas corpus preventivo a Lula no caso do tríplex do Guarujá, os procuradores avaliaram não caber pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente, mas que a solicitação poderia ser feita, "por companheirismo" a Moro, se o juiz assim quisesse.
"Não acho que tenhamos que pedir preventiva, seja pq [porque] acho que incabível, seja pq será um um desgaste desnecessário, seja pq será revogada e será enumerada como mais um abuso, salvo se o Russo [Moro] pedir. Aí, por companheirismo, devemos pedir", afirmou o procurador Orlando Martello a colegas. "Se pedir, deixaria claro que, embora entendamos ser discutível o seu cabimento, diante da intransigência do rapaz [Lula], melhor que sejam utilizados mecanismos jurídicos (em vez da força) para aumentar a persuasão sobre ele", prossegue Martello.
O procurador Julio Noronha concorda e dá uma outra sugestão aos colegas: se a preventiva "tiver que sair", obedecendo a eventual ordem de Moro, o MPF pode solicitá-la vinculando-a a outra ação penal contra Lula, não ao caso do tríplex. "Não precisaria de PP [prisão preventiva] que, mesmo decretada a pedido, só desgastaria Moro. Se mesmo assim a pp tiver que sair (por desejo do 'menino', como disse Orlando), melhor vincular a outra AP [ação penal]."
"Os novos diálogos analisados mostram que os membros da ‘força-tarefa’ se sujeitavam a toda espécie de determinação do ex-juiz Sergio Moro. Note-se bem a forma como Sergio Moro chefiava a acusação contra o reclamante: os procuradores da República chegaram a cogitar abrir mão da avaliação que fizeram sobre a ausência dos requisitos legais, ora necessários para pedir a prisão preventiva, na hipótese de ‘o Russo pedir’, o que seria feito por 'companheirismo’'' , afirma a defesa de Lula.