Lavagem do Bonfim: fé e devoção reúne milhares de fiéis para cortejo de quase 7 km em Salvador

A Lavagem do Bonfim, maior manifestação cultural da Bahia, completa 280 anos nesta quinta-feira (16). Tradicional e bissecular, o festejo inter-religioso reúne, todos os anos, centenas de milhares de fiéis no cortejo pela Cidade Baixa, em Salvador. 

A caminhada de 6,7 quilômetros parte da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, onde as imagens peregrinas da Imaculada e do Bom Jesus do Bonfim são veneradas pelos devotos. A programação começou com uma alvorada, que despertou a população no bairro do Comércio às 5h.

 

A Lavagem do Bonfim é conhecida por reunir não somente os católicos, mas também religiosos de matrizes africanas, como candomblecistas e umbandistas. O pedido mais popular ao Senhor do Bonfim é o de paz, que é expressado principalmente nas roupas brancas escolhidas pelos na cor branca das vestes do público.

A baianas de acarajé são figurinhas carimbadas no festejo. Elas são as responsáveis por levarem a água de cheiro dentro das quartinhas – espécie de vaso de barro usado nas religiões de matriz africana. É com essa água que são lavadas as escadarias e o adro da Basílica do Senhor do Bonfim. Outro ponto que não pode faltar na manifestação religiosa são as amarrações das fitinhas nas grades que rodeiam o adro da igreja. 

HISTÓRIA

A tradição foi iniciada no século 18, como pagamento de uma promessa do capitão português e traficante de escravizados Teodósio Rodrigues de Faria.

Em uma viagem do continente europeu para a América do Sul, ele pediu a proteção de Jesus para atravessar um temporal. Em troca da graça – que foi alcançada –, prometeu construir uma igreja dedicada ao Senhor. Por ter tido um "bom fim" de viagem, a Igreja então passou a ser consagrada ao Senhor do Bonfim.