"Limpa a cultura de vocês aí": Vídeo de visita de Luciano Huck e Anitta ao Parque Indígena do Xingu ressurge e gera debate
Na filmagem, o apresentador chega a pedir que os indígenas guardem os seus celulares para uma foto em grupo

Foto: Reprodução/Redes sociais
Um vídeo da visita do apresentador Luciano Huck e da cantora Anitta ao Parque Indígena do Xingu, realizada em agosto deste ano, voltou a viralizar nas redes sociais e dividir opiniões nesta semana. Na filmagem, que ocorre nos bastidores de uma gravação, Luciano chega a pedir que os indígenas guardem os seus celulares para uma foto em grupo.
"É o seguinte: a gente está cheio de câmera. Quanto mais celular de vocês aparece, acho que menos é a cultura de vocês. Quanto mais a gente conseguir preservar as nossas cenas sem celular. Porque assim, quando aparecem vocês de celular, acho que mexe na cultura original. Quando tiver gravando, se vocês puderem “segurar” o celular, quem tiver que ver, valoriza mais vocês. Se puder falar isso para o povo, é bom", afirma Huck no vídeo.
Em outro momento, o apresentador chega a pedir que os indígenas que estivessem com roupas não tradicionais fossem retirados da foto. "Limpa a cultura de vocês aí", diz.
A fala gerou polêmica entre os internautas. "Para Luciano Huck, os indígenas devem continuar iguais lá em 1500. Será que ele sabe que os indígenas andam de Hilux, usam iPhone, têm conta no Instagram e calçam tênis Nike?", questiona uma usuária do X (antigo Twitter).
"O Huck tá apenas reforçando a visão estereotipada que o homem branco costuma há séculos impor sobre os povos indígenas, uma imagem distorcida que os coloca como ‘primitivos’ ou ‘selvagens’", pontuou outra.
O apresentador emitiu uma nota sobre o ocorrido, afirmando que sua "relação com as comunidades indígenas no Brasil atravessa décadas" e que o episódio "não se tratou de impor qualquer tipo de limitação cultural ou de consumo".
"Minha relação com as comunidades indígenas no Brasil atravessa décadas. Sou, e sempre serei, defensor dos povos originários, de sua cultura, de sua territorialidade e de sua preservação. Dos Zo’é aos Yanomami, estive pessoalmente em dezenas de terras indígenas ao longo da minha trajetória. Eu conheço de perto essa realidade; não foi alguém que me contou", iniciou.
"Sobre a imagem em questão, registrada nos bastidores de uma gravação, é importante esclarecer: não se tratou de impor qualquer tipo de limitação cultural ou de consumo. Foi apenas uma decisão de direção de arte, um ajuste pontual dentro do contexto de um set de filmagem, nada além disso", finalizou Huck.


