Lira critica articulação política do governo Lula: 'não é de satisfação boa'
Parlamentar garantiu que não vai ‘sacanear’ o Planalto
Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Pouco antes do Congresso votar projetos decisivos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e enquanto acontece as CPIs, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) declarou que a relação do Planalto com o Parlamento não é de “satisfação boa”. As declarações foram feitas em entrevista ao jornal O Globo.
Lira prometeu que iria trabalhar a favor das propostas econômicas, mas prevê uma "guerra de narrativas" na CPMI dos atos de 8 de janeiro.
O presidente da Câmara pontuou que o ex-presidente Jair Bolsonaro é melhor cabo eleitoral do que candidato. Além disso, ele criticou a articulação política do governo do governo Lula; defendeu emendas do relator, reguladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF); e garantiu que não vai ‘sacanear’ o Planalto.
Sobre ainda não terem tido votações relevantes nesta legislatura do Congresso, Lira respondeu que "é diferente começar um mandato de presidente da Câmara em início de governo".
"Em 2021, quando entrei na metade do período do (Jair) Bolsonaro, o texto que previa a autonomia do Banco Central já estava pronto, com ambiente bom e base consolidada", pontuou o presidente da Câmara.
Nesta legislatura, Lira ressaltou que já foi aprovada a PEC da Transição, que foi votada no governo anterior, mas com gerência completa da equipe do Lula.
"Depois, houve uma acomodação e a formatação de um governo de coalizão, com troca de ministérios por apoios, que está comprovado que não vai dar certo. As emendas resolvem isto sem ser necessário um ministério. Da forma como está, o parlamentar fica com o pires na mão e um ministro, que não recebe votos e não faz concurso, é quem define a destinação de R$ 200 bilhões para municípios do Brasil", completou Lira durante entrevista ao O Globo.
Quanto às emendas de relator, que geraram a expressão orçamento secreto no passado, Lira argumentou que o orçamento é muito mais democrático se decidido por 600 parlamentares do que por dez ministros.
"Me elegi sem RP-9 (emendas de relator) e tenho tido uma boa relação sem ela. Não interfere em nada na minha vida. Mas, na governabilidade, sim. Sabemos o que os partidos querem: favorecimento de obras e serviços públicos para aumentar o seu escopo político e atender às suas bases. O governo precisa se organizar, mais especificamente a Secretaria de Relações Institucionais", finalizou.