Livro 'O Cortiço' é devolvido a biblioteca mais de 20 anos depois do empréstimo
A obra foi deixada em um comércio no distrito de Casa Branca, em Brumadinho
Foto: Reprodução / Antônio Galvão/Arquivo pessoal
Um exemplar do livro “O Cortiço”, escrito por Aluísio Azevedo, foi devolvido à Biblioteca Municipal de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quase 22 anos depois. O tempo comum de empréstimo é de 7 dias. No cartão, o registro do último empréstimo: 19 de novembro de 1998.
A devolução foi feita pelo poeta Antônio Galvão, de 59 anos, morador da capital, e seu amigo, Sérgio Coutinho, de 69 anos, que encontrou o exemplar no balcão de um comércio do distrito de Casa Branca, em Brumadinho.
“O empório colocava à disposição dos frequentadores livros ali deixados que eram doados a quem se interessasse. Garimpando o acervo, levei ‘O Cortiço’”, contou o advogado aposentado ao G1.
“Ele sabe que eu gosto muito de literatura, pegou o livro, começou a ler e quis saber a história por trás dele. Identificou que era da biblioteca de Pedro Leopoldo, emprestado em 1988, e me ligou dizendo: ‘Vamos fazer uma empreitada cultural, vamos devolver o livro à biblioteca’”, completa Galvão.
Os amigos entraram em contato com a Secretaria Municipal de Cultura de Pedro Leopoldo e foram pessoalmente fazer a entrega. No dia 8 de julho, foram recebidos pela assistente de biblioteca Renata Nepomuceno. Depois de tanto tempo, a Biblioteca Dona Sinhazinha Caldas não tem mais o registro de quem realizou o empréstimo.
Devido à pandemia de coronavírus, o prédio, que fica no bairro Dona Julia, está fechado. O bibliotecário Weeferson de Freitas Batista, de 37 anos, informou que a equipe tem realizado trabalhos internos de processamento e catalogação. Antes de voltar à prateleira, “O Cortiço” viajante vai passar um tempo em quarentena.
“Seguindo o protocolo do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, todos os livros recebidos estão passando por um processo de quarentena, ficando de 15 a 20 dias isolados dos demais livros do acervo”, detalha Weeferson Batista.
Antônio Galvão leu este livro ainda adolescente. “Foi um dos primeiros livros que meu pai me mostrou, eu devia ter 14 anos”, relembra.
“Achei atitude do senhor Antônio fantástica. Um livro de uma biblioteca pública tem que circular. A conservação do acervo é fundamental, através dela nós conseguimos manter esses livros para futuras gerações”, finaliza o bibliotecário.
Quando a biblioteca for reaberta, o exemplar estará disponível de novo para empréstimos. Todo mundo espera que os novos leitores não se esqueçam de devolvê-lo.