Lula anuncia levantamento sobre riquezas minerais do Brasil e defende controle estatal
Presidente quer mapear recursos do solo e subsolo para ampliar soberania e impedir exploração estrangeira sem regulação

Foto: RICARDO STUCKERT/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (28) que o governo federal vai iniciar um levantamento abrangente sobre as riquezas minerais presentes no território brasileiro. Segundo ele, apenas 30% do potencial mineral do país foi devidamente mapeado até o momento.
O anúncio foi feito durante a inauguração de uma usina a gás natural no Rio de Janeiro. Na ocasião, Lula informou que a tarefa ficará a cargo de uma comissão especializada, que será formada com o objetivo de identificar e preservar o que chamou de “patrimônio do povo brasileiro”. A medida busca garantir que a exploração desses recursos ocorra sob controle estatal e com retorno direto à população.
“Se eu nem conheço esse mineral e ele já é considerado crítico, eu vou pegar ele para mim. Por que deixar para outro?”, afirmou, ao comentar sobre o crescente interesse internacional, especialmente dos Estados Unidos, nos chamados “minerais críticos” e “terras raras”.
A preocupação com a soberania sobre recursos naturais foi reforçada após declarações recentes de autoridades norte-americanas, incluindo o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, e o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, que confirmaram o interesse dos EUA na produção mineral brasileira.
Lula defendeu que empresas privadas possam realizar pesquisas, desde que autorizadas e supervisionadas pelo Estado. “Elas não podem vender nada sem conversar com o governo. E muito menos vender a área onde está o minério. Isso é do povo brasileiro”, declarou.
O presidente também comentou sobre a ameaça de taxações por parte do governo de Donald Trump, criticando a medida e reforçando a disposição para o diálogo. A nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros deve entrar em vigor em 1º de agosto.
“Espero que o presidente dos Estados Unidos reflita sobre a importância do Brasil e resolva fazer como se faz no mundo civilizado: se há divergência, senta-se à mesa e busca-se uma solução”, finalizou Lula.