Lula cobra tratamento justo do FMI a países endividados e critica protecionismo no G7
O presidente falou sobre a crise na Argentina e a necessidade de reformas nos organismos multilaterais
Foto: Reprodução/ Ricardo Stuckert
No seu primeiro discurso perante os membros do G7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou a crise enfrentada pela Argentina e fez um apelo ao Fundo Monetário Internacional (FMI), por um tratamento mais justo aos países com alto nível de endividamento, levando em consideração as consequências sociais das políticas de ajuste fiscal.
Lula destacou que o endividamento externo que afetou o Brasil no passado e agora atinge a Argentina. “É uma causa de desigualdade crescente e requer do FMI uma abordagem que leve em consideração os impactos sociais das medidas de ajuste”, disse o presidente, que enfatizou a importância de políticas que promovam a redução das desigualdades e o desenvolvimento sustentável.
Além disso, o presidente relacionou o aumento do protecionismo por parte dos países ricos ao enfraquecimento do comércio global e à paralisação de organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele ressaltou que o protecionismo tem ganhado força e que a OMC está paralisada, mencionando a falta de avanços na Rodada do Desenvolvimento.
Durante o evento, Lula teve um encontro com Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI, em uma reunião a portas fechadas. Embora os detalhes desse encontro não tenham sido divulgados, foi possível ouvir Lula mencionando a situação da Argentina durante o aperto de mãos inicial, que foi aberto à imprensa.
O governo de Lula tem se posicionado a favor da reforma dos organismos multilaterais, como o Banco Mundial e o FMI. Internamente, há a percepção de que essas entidades impõem contrapartidas aos empréstimos, como privatizações, que atendem aos interesses dos países ricos, que são seus principais financiadores, mas não estão alinhadas com a realidade dos países emergentes.
Essa postura crítica em relação aos organismos multilaterais e a indicação de Dilma Rousseff para o Banco dos Brics estão inseridas na estratégia de Lula de fortalecer a aliança do Brasil com os países do chamado Sul global e reduzir a dependência em relação aos países avançados, buscando fortalecer a posição do Brasil como um líder regional e promovendo uma maior equidade nas relações internacionais.