Lula critica quantidade de acionistas da Vale e compara a empresa com cachorro com muito dono
O mandatário também atacou novamente a venda de ativos da Petrobras
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom | Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta terça-feira (27) as privatizações de empresas estatais brasileiras no passado, citando em particular a grande quantidade de acionistas da Vale.
Lula comparou a Vale a um "cachorro com muito dono", por quem, segundo ele, ninguém é responsável, no fim dos contas.
Na véspera, o conselho de administração da empresa elegeu por unanimidade o vice-presidente financeiro Gustavo Pimenta, 46, para substituir Eduardo Bartolomeo na presidência da mineradora. Lula tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da empresa.
O mandatário também atacou novamente a venda de ativos da Petrobras, o que teria deixado a empresa "desmontada" e sem cumprir o seu papel, segundo ele.
"A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono", afirmou.
"[É] uma tal de corporate que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro de muito dono. Morre de fome, morre de sede porque todo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou."
A Vale é hoje uma empresa sem controlador definido, uma "corporation", mas ainda com influência de seus antigos controladores, Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Bradesco e a japonesa Mitsui.
Lula realizou uma visita na manhã desta terça-feira ao Centro de Operações Espaciais Principal, da Telebras, em Brasília. O chamado COPE-P é um conjunto de edificações onde se opera e monitora o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, que cobre todo o território brasileiro.
Ele estava acompanhado dos ministros Juscelino Filho (Comunicações), Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Marcos Amaro (Gabinete de Segurança Institucional).
A fala do presidente no evento foi inteiramente dedicada a criticar as privatizações e defender as estatais brasileiras. Citou que setores da sociedade buscam privatizar a Petrobras desde que a empresa foi criada por Getúlio Vargas. Como não foi possível, prosseguiu, optou-se por vender ativos da companhia.
"Desde lá, sempre aparece alguém achando que tem que privatizá-la. E quando há dificuldade de privatizá-la, eles começam a vender ativos separados e vão tentando desmontar o corpo, eu vendo um braço, eu vendo uma perna, vendo uma orelha, vendo os dentes", afirmou.
"Ou seja, quando você volta, você percebe que a empresa está totalmente desmontada e não cumprindo mais aquele seu papel", completou.
Durante a visita à unidade da Telebras, o presidente assistiu apresentações sobre ações de cooperação na área de comunicação e de defesa, como o monitoramento de satélites para detectar, entre outras questões, crimes ambientais. Também durante o evento, foi assinado um contrato entre Telebras e o Ministério do Trabalho e Emprego para o fornecimento de serviços de telecomunicações de longa distância.
O governo afirma que a iniciativa vai permitir a conectividade segura entre as 409 agências do Ministério do Trabalho e Emprego, com monitoramento contra ataques cibernéticos 24 horas por dia.