Lula diz que Operação Lava Jato foi 'mancomunação' de juízes e procuradores com os EUA
Presidente deu a declaração durante visita à refinaria Abreu e Lima, obra paralisada em 2015 após investigações da força-tarefa de Curitiba
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Durante um evento em Pernambuco, onde foram anunciados investimentos para a Petrobras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou críticas à Operação Lava Jato. As declarações foram dadas na quinta-feira (18), na primeira agenda do chefe do Executivo federal no estado.
“Quando eu deixei a Presidência eu tive as contas dos meus oito anos de governo aprovadas por unanimidade no Tribunal de Contas e no Congresso. Somente cinco anos depois começou o processo de denúncia contra a Petrobras. Não era contra a Petrobras, porque se você quisesse de fato apurar corrupção, você apurava. O que não pode punir é a soberania de um país como o Brasil, e da sua empresa mais importante”, afirmou o presidente.
Lula ainda relembrou a sua prisão em 2018. O atual presidente ficou preso por um ano, sete meses e um dia. Para ele, tudo não passou de uma manipulação com motivação política. “Tudo o que aconteceu neste País foi uma mancomunação entre alguns juízes, alguns procuradores, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”, bateu.
Lula também não poupou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, questionando o impacto na competitividade internacional do país ao eleger um presidente que ele descreveu como "psicopata".
Calote da Venezuela
A obra foi um projeto conjunto entre o Brasil e a Venezuela, iniciada em 2005. No entanto, o país vizinho nunca participou das obras, o que gerou prejuízos à Petrobras, que assumiu o projeto sozinha.
Orçada, inicialmente, em US$ 2,3 bilhões, ela terminou com o custo de quase R$ 100 bilhões. O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou que a indefinição sobre a participação da Venezuela gerou atrasos e custos adicionais.
Lula, que era aliado do presidente venezuelano Hugo Chávez, admitiu que a Venezuela "nunca colocou um centavo" na obra da refinaria. Apesar dos atrasos e desacordos entre as empresas estatais dos dois países, Lula afirmou que não se arrepende da parceria, pois o objetivo era processar o petróleo brasileiro e venezuelano na refinaria.