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Lula e desgoverno ajudam, mas direita não volta sem união em 2026, diz ex-presidenciável do Novo

Na obra "Vire à Direita. Siga em Frente", Luiz Felipe D'Avila diz que a oposição a Lula (PT) está diante de uma chance única

Por FolhaPress
Ás

Lula e desgoverno ajudam, mas direita não volta sem união em 2026, diz ex-presidenciável do Novo

Foto: Reprodução/X

O cientista político Luiz Felipe D'Avila, que concorreu à Presidência pelo partido Novo em 2022, transformou em livro sua inquietação para que a "direita sensata" consiga superar diferenças e vencer as eleições de 2026. Na obra "Vire à Direita. Siga em Frente" (ed. Almedina), que está lançando, o ex-candidato, comentarista e ativista diz que a oposição a Lula (PT) está diante de uma chance única.

"O governo Lula cada vez mais ajuda a direita, com seu desgoverno no Brasil", afirma à reportagem. D'Avila, que já foi filiado ao PSDB e diz não ter planos eleitorais em vista, aborda no livro também a "direita chucra", que evita carimbar como a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas guarda relação com alas do bolsonarismo que defendem o que o autor considera serem as pragas responsáveis pelo baixo crescimento econômico nacional: nacional-estatismo, populismo e Estado ineficiente.

O ex-presidenciável aprova o trabalho de Paulo Guedes, mas situa o ex-ministro da Economia como exemplo isolado dentro do governo anterior na direção da política liberal que gostaria de ver no país. Na visão dele, a gestão Bolsonaro, de forma geral, perpetuou as três mazelas acentuadas agora sob Lula.

D'Avila, que saiu da eleição em sexto lugar, com 559 mil votos (0,47% dos válidos), diz que quis escrever o livro ao notar que "a direita dividida é que permitiu a volta do Lula e da esquerda ao poder".

Decidido a evitar que o campo repita o erro na próxima disputa, ele escreveu o que considera ser um conjunto de ideias, propostas e valores capazes de aglutinar o segmento, priorizando convergências em vez de divergências.

Pela régua do autor, "evidentemente não vai caber todo mundo" no bloco da direita —só o que chama de ala sensata.

"Aquela turma que defende o nacional-estatismo, o populismo e a ineficiência do Estado não dá para juntar", diz ele, um entusiasta do livre mercado, da abertura econômica e dos direitos individuais e crítico dos corporativismos estatal e público e das políticas de subsídios setoriais.

"Nós, da direita sensata, acreditamos que a melhor forma de resolver as questões das desigualdades sociais e da miséria é o crescimento econômico sustentável."

O cientista político diz que a "esquerda retrógrada, que é a do PT" se assemelha à "direita chucra, por acreditarem no poder do Estado como indutor, enxergarem a economia de mercado como mal necessário e pregarem a tutela do governo como meio para evitar que a ganância empresarial destrua a economia".

  D'Avila, que diz ter cumprido a promessa pública de anular seu voto no segundo turno entre Lula e Bolsonaro, afirma que o governo do ex-presidente abrigou as duas categorias de direita.

A chucra foi representada pelo grupo "que questiona a ciência e acredita no nacional-desenvolvimentismo, no nacionalismo econômico e no corporativismo".

A sensata estava reunida em torno de Guedes e "conseguiu avançar com reformas importantes", como a reforma da Previdência, os marcos do saneamento e das startups e a Lei da Liberdade Econômica.

Governo Lula 

"Olha, está difícil ver alguma coisa positiva neste governo", diz D'Avila. "O governo Lula cada vez mais ajuda a direita, com seu desgoverno no Brasil."

"O que temos é o populismo desenfreado e, na política externa, um desastre total, com o Brasil se aliando a ditaduras e praticando uma política militante, não baseada no interesse de Estado." Ele reconhece, no entanto, que a administração anterior incorreu em práticas semelhantes.

"Na questão econômica, aí sim a diferença é brutal, porque no governo Bolsonaro reformas avançaram, e no governo Lula é o contrário, é desfazer isso, além de aparelhar o Estado, só aumentar a arrecadação, não ter nenhum corte de gastos. O único ponto que parece que avançou um pouco foi a reforma tributária."

No livro, D'Avila classifica o 8 de janeiro como "um ato de vandalismo lamentável de invasão" dos prédios públicos em Brasília.

À Folha de S.Paulo ele declara: "Entender que o 8 de janeiro foi uma articulação de um golpe de Estado é forçar a barra. Mas, se houve aspiração golpista no núcleo do governo, precisa ser investigada e devidamente punida, com responsabilidade. [...] Nunca achei que a democracia no Brasil estivesse em risco. Nem na época do governo Bolsonaro, porque sempre achei que as instituições respondem bem a isso".

O autor endossa a tese de que "o Brasil vive um momento de censura" e se diz preocupado com atitudes do governo e do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Como é que 'voltou a democracia' num Brasil que tem uma enorme restrição à liberdade de expressão? E não estou falando dos malucos bolsonaristas, não, mas de jornalista sério com medo de citar alguma coisa", afirma.

"Qual é uma das virtudes de quem realmente defende a liberdade individual? É aceitar a diversidade de opinião, ter tolerância com aqueles que discordam de nós e respeitar uma mínima regra de civilidade. A democracia precisa disso."

Eleições 2026

O autor afirma que o objetivo do livro "é manter o discurso unido para que a direita não se divida e foque as propostas essenciais para convencer o eleitorado".

O filiado do Novo evita cravar o candidato que, com Bolsonaro inelegível, pode assumir a tarefa, mas diz que em 2022 foi eleita "uma das melhores safras de governadores de centro-direita do Brasil", citando Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO).

"Não faltam hoje nomes na direita sensata", comenta o autor, que em 2022 se engajou em costuras pela consolidação de uma terceira via competitiva, plano que acabou naufragando com a polarização.

Para ele, o cenário para 2026 é mais otimista. "Porque a direita está na oposição. E, quando você está na oposição, há um objetivo comum, que é voltar ao poder. Mas, se ela se fragmentar, não tiver um bom discurso nem uma boa mobilização em torno da narrativa, não tem como voltar. Precisamos nos unir para não deixar um outro candidato populista aparecer como o salvador da pátria."

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