Lula relativiza guerra na Ucrânia e critica mediação da ONU
Presidente brasileiro defende negociação entre russos e ucranianos para discutir Crimeia e Donbas e pede reforma no Conselho de Segurança da ONU
Foto: agencia brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em uma visita de dois dias na Espanha, após uma viagem de seis dias a Portugal. Durante a coletiva de imprensa realizada em Madri, Lula foi questionado sobre a guerra na Ucrânia e sua posição em relação à Crimeia e Donbas, territórios disputados por Kiev e Moscou. O líder brasileiro afirmou que não cabe a ele decidir de quem é a Crimeia ou o Donbas e que a discussão sobre a guerra está errada. Ele defendeu a paralisação do conflito e que se discuta um acerto de contas somente após isso.
Lula condenou a invasão da Ucrânia e afirmou que o Brasil foi taxativo nesse sentido. Ele também criticou diretamente as Nações Unidas (ONU) por não ter convocado sessões extraordinárias para discutir a guerra, defendendo uma reforma no Conselho de Segurança da organização para a entrada de novos países. Lula afirmou que a guerra não interessa à Ucrânia, à Rússia, à Europa ou ao Brasil.
A coletiva de imprensa ocorreu após uma reunião de pouco mais de uma hora com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio da Moncloa, sede do governo em Madri. Durante o encontro, foram produzidos três acordos: um memorando sobre cooperação universitária, outro entre os ministérios do Trabalho do Brasil e Espanha e uma carta de intenções na área de ciências, tecnologia e inovação.
A visita de Lula à Espanha tem como objetivo fortalecer as relações bilaterais entre os dois países. Após a reunião com o premiê, o presidente brasileiro almoçou com o rei Felipe VI no Palácio Real, em evento sem acesso à imprensa.
A situação na Ucrânia é complexa e tensa, com a Crimeia e o Donbas sendo disputados por Kiev e Moscou. A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 não foi reconhecida pela maioria da comunidade internacional, que continua a considerá-la território da Ucrânia. O mesmo ocorre com a ocupação de partes das províncias ucranianas de Kherson, Zaporíjia, Donetsk e Lugansk em setembro de 2022, seguida por um referendo-relâmpago e anexação. A questão continua a gerar discussões e tensões no cenário internacional.