Mãe de Santo acusa vice-prefeita em SP por pagamento incompleto em 'amarração amorosa'
Religiosa teria que receber R$ 380 mil, mas só recebeu R$ 40 mil

Foto: Reprodução
Uma mãe de santo, identificada como Samantha, acusa a vice-prefeita de Ribeira, no interior de São Paulo, Juliana Maria Teixeira da Costa (MDB), de inadimplência após a política do MDB não ter realizado o pagamento combinado por um serviço de "amarração amorosa". A informação é do site Metrópoles.
Segundo relatado pela líder religiosa, foi acordado o pagamento de R$ 380 mil para realização do casamento espiritual. No entanto, Samantha teria recebido pouco mais de R$ 40 mil para não expor a fonte do dinheiro.
Após tomar ciência do caso, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) abriu uma investigação contra Juliana, para apurar se a política teria utilizado verba pública para pagar pelo serviço da líder religiosa, que tinha como alvo um funcionário público do município de Ribeira.
Na segunda-feira (4), ambos os servidores foram afastados da prefeitura por suspeita de desvio de dinheiro e improbidade administrativa, após constatação de que o homem também teria sido beneficiado no esquema.
Em uma rede social, a mãe de santo explica que o valor alto cobrado pelo serviço se dá a utilização de materiais muito valiosos, trazidos da África, e benzidos pela mãe Jurema de Salvador.
A mulher ainda contou que solicita que a mulher envie o pagamento desde o ano passado, mas não obtém retorno da vice-prefeita. Três advogados da política teriam procurado a líder religiosa e transferiram valores para impedir que a mulher revelasse publicamente a fonte do dinheiro.
Samantha ainda reproduziu áudios supostamente enviados por um advogado de Juliana. O homem diz que "cada um vai enviar sua parte até chegar no montante de R$ 350 mil”, sendo que ele ficaria responsável por enviar R$ 50 mil à mãe de santo, para que o caso não fosse denunciado ao promotor de Apiaí.
A mãe de Santo afirmou que recebeu parte do valor que foi prometido e que receberia o restante na próxima segunda-feira (11). Ela, inclusive, tentou contato com o prefeito de Ribeira, Ari do Carmo Santos (DEM), mas disse que o gestor municipal não demonstrou interesse pelo caso em que a vice é acusada.
As investigações ainda indicam que o alvo da amarração, Lauro Olegário da Silva Filho, servidor público da Saúde de Ribeira, é um homem casado. Ele teria sido favorecido por Juliana desde que ela assumiu o cargo de secretária da Saúde do município.
As apurações ainda indicam que Juliana teria utilizado a empresa em que Lauro é ex-funcionário, a W. F. Da Silva Treinamentos Ltda., para intermediar o pagamento do serviço da mãe de santo. A empresa teria recebido R$ 41,2 mil da prefeitura e, posteriormente, enviado o valor para Samantha.
A líder espiritual divulgou dois comprovantes nas redes sociais, onde o primeiro, no valor de R$ 6 mil, estava no nome da vice-prefeita, e o segundo, de R$ 41,2 mil, era de responsabilidade da empresa.
O que diz a defesa da vice-prefeita?
Juliana afirmou, por meio das redes sociais, no dia 16 de julho, que é alvo de um esquema político para desestruturar a imagem pessoal e política dela, e acusa a líder religiosa de ter "propagado inverdades com a intenção clara de extorqui-la financeiramente”.
A vice-prefeita alegou a inocência no caso e afirmou estar com a "consciência limpa, diante da trajetória honesta, de seriedade e compromisso com o povo de Ribeira".
O advogado dela, Yuri Amaral Nazareth, reforçou o discurso da vice-prefeita, afirmou que aguarda o recebimento da citação para apresentar as defesas, tanto nas ações de improbidade administrativa, quanto nas ações penais, e que Juliana está disposta a colaborar com as investigações.
Nazareth ainda afirmou que não existem suspeitas diante das relações entre os investigados, pois segundo ele, "são relações naturais no contexto de qualquer organização e não devem ser vistas como indícios de irregularidades”.
William Felipe, dono da W. F. Da Silva Treinamentos LTDA., empresa citada nas investigações, afirmou que está disposto a cooperar com as autoridades, ao comparecer à promotoria para apresentar sua versão dos acontecimentos.