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Maio Cinza: Inca estima mais 11 mil novos casos de câncer cerebral em 2021

Ao Farol da Bahia especialista do HGRS fala sobre a doença

Por Ane Catarine Lima
Ás

Maio Cinza: Inca estima mais 11 mil novos casos de câncer cerebral em 2021

Foto: Divulgação

Embora exista a percepção de que o câncer cerebral seja uma doença atípica, especialistas apontam que esse tipo de câncer é um dos mais frequentes entre os brasileiros e, além disso, está entre os 10 tipos de câncer que mais matam no mundo. O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que serão diagnosticados este ano, no Brasil, 11.090 novos casos de câncer cerebral, sendo 5.870 homens e 5.220 mulheres. Com o impacto da doença na vida dessas pessoas, a campanha ‘Maio Cinza’ vem conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e chamar a atenção para alguns sintomas que servem de alerta. 

Apesar de os números já serem alarmantes, segundo o Inca, o cenário tende a piorar se também forem considerados os casos de tumores benignos do Sistema Nervoso Central (SNC), que compreende o cérebro e a medula espinhal. Cerca de 88% dos tumores do SNC estão localizados no cérebro. Estima-se que os tumores do SNC representem 3,1% do total de casos de câncer. O câncer cerebral é caracterizado por um tumor maligno formado pelo crescimento desordenado de células no cérebro, podendo ocorrer de forma primária, quando se origina no próprio cérebro, ou de forma metastática, quando o tumor tem origem em outro órgão e se espalha pelo corpo. 

Sem uma forma conhecida de prevenção, a detecção precoce é a maneira mais eficiente para conseguir a cura. Na Bahia, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, é o responsável por tratar 85% dos tumores cerebrais do estado, tendo realizado, somente na pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus,165 cirurgias para esses casos. Esse número é referente ao período de março de 2020 a 19 de maio de 2021. 

O chefe do serviço de neurocirurgia do HGRS, o neurocirurgião Leonardo Avellar, disse ao Farol da Bahia que não há uma causa definida para o aparecimento de um tumor cerebral, pois se trata de uma doença multifatorial. “A neurocirurgia envolve sequela. Então, quando há um câncer cerebral, nós, neurocirurgiões, devemos avaliar: se retirarmos o tumor, o doente ficará sequelado? Nós precisamos pesar a parte oncológica e a parte funcional, inclusive, porque a maioria dos tumores retirados acabam reaparecendo”, disse. 

Segundo ele, a exposição à radioterapia prévia, em anos anteriores, é um fator que pode aumentar o risco de tumor intracraniano, ou seja, no cérebro. Ele disse ainda que, nesse caso, o meningioma cerebral é um dos tumores mais comuns de ocorrer e não é considerado de alta gravidade, pois na maioria das vezes é benigno. 

Apesar de o meningioma cerebral ser atualmente um dos tumores mais comuns, o neurocirurgião explicou que nem sempre foi assim. Segundo o Dr. Leonardo Avellar, o diagnóstico tem ficado mais fácil e por isso há um aumento de casos de  meningioma. “Há muitos anos atrás, o glioblastoma, que é um tumor maligno e muito agressivo, era considerado o tumor cerebral mais comum. Contudo, hoje já não é mais. Atualmente, o mais comum é o meningioma. Mas por que? Porque algumas pessoas quando vão fazer ressonância para averiguar dores de cabeça, por exemplo, descobrem por acidente que tem meningioma. Então, houve essa inversão de estatística. Esse fator pode contribuir para a incidência”, explicou.  

Ainda em entrevista, o neurocirurgião explica que o câncer cerebral, assim como os outros tipos de cânceres, é um crescimento celular desorganizado. “O tumor primário, ou seja, o tumor que vai crescer no cérebro, é diferente dos outros porque dificilmente se espalhará pelo corpo. Mesmo que seja um tumor maligno, ele não sairá do sistema nervoso central. Pode acontecer de o paciente ter um tumor benigno que seja inoperável devido à localização”, disse.

“Há também casos de tumores malignos fáceis de operar, mas que as cirurgias não têm resultados positivos. Tumores malignos não têm cura cirúrgica, porém, com tratamento complementar, podem ter prognóstico favorável. Tumores benignos têm cura, desde que nós consigamos retirá-los”, completou. Sinais como dor de cabeça persistente e progressiva, vômito, convulsões, alterações visuais, motoras, da fala e formigamento podem ser alertas para câncer cerebral. Quando o paciente apresenta esses sintomas, é preciso iniciar a investigação com exames específicos. Se o diagnóstico se confirmar, o especialista deve iniciar o tratamento o quanto antes. 


 

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