Mais da metade das crianças brasileiras no 2º ano do Ensino Fundamental não sabem ler e escrever
Dados do Saeb apontam que 56,4% dos estudantes nesta etapa de formação na rede pública não atingiram o nível esperado de alfabetização
Foto: Unicef/Alessandro Potter
Mais da metade das crianças brasileiras do 2º ano do Ensino Fundamental da rede pública não está alfabetizada, de acordo com o Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância).
Segundo dados recentes do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), de 2021, 56,4% das crianças nesta etapa de formação na rede pública não atingiram o nível esperado de alfabetização. Isso contribui para um número expressivo de alunos em todo o país que frequentam a escola sem dominar a leitura e escrita.
O cenário se agravou ainda mais com a pandemia de Covid-19. Uma vez que, em 2019, 39,7% das crianças não estavam alfabetizadas no 2º ano do Ensino Fundamental na rede pública.
Para a chefe de Educação do Unicef no Brasil, Mônica Dias Pinto, ciclos de alfabetização incompletos têm um impacto significativo na trajetória escolar de crianças e adolescentes, resultando em reprovações e abandono. Ela destaca que a falta de habilidades de leitura e escrita dificulta o aprendizado e o acompanhamento das atividades escolares.
Mônica Dias Pinto destaca também que repetidas reprovações fazem com que os estudantes abandonem os estudos. A representante do Unicef afirma que a ausência de oportunidades de aprendizado se torna um fator determinante para a saída definitiva desses alunos do sistema escolar.
O Unicef aponta que o enfrentamento a esse problema passa pelo investimento em práticas pedagógicas de qualidade, voltadas à alfabetização das crianças que estão chegando agora aos primeiros anos do Ensino Fundamental, para que aprendam a ler e escrever na idade certa.
Além disso, o órgão sugere a implementação de propostas de recomposição das aprendizagens voltadas a aqueles estudantes que não aprenderam a ler e escrever até o 2º ano do Ensino Fundamental, e agora precisam de um apoio específico para aprender, recuperar o tempo perdido e avançar.
As duas propostas são parte do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que ainda busca recompor as aprendizagens, com foco na alfabetização de 100% das crianças matriculadas no 3°, 4° e 5° ano afetadas pela pandemia. Até o final de 2023, 100% dos Estados e mais de 90% dos municípios haviam aderido ao programa.
