Mais de 37 mil adolescentes baianos atendidos pelo SUS apresentaram quadro de obesidade em 2024
Números correspondem ao período entre janeiro e setembro deste ano
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A obesidade na adolescência tem se tornado um problema grave de saúde pública na Bahia, afetando 37.233 adolescentes entre 10 e 19 anos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e setembro deste ano. Desses, 9.387 foram diagnosticados com obesidade grave, de acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).
Salvador lidera o número de casos, com 3.835 adolescentes obesos (10,51%) e 1.819 com obesidade grave (4,99%). Na sequência, também aparecem: Feira de Santana (3.310), Irecê (1.773), Serrinha (1.771), Barreiras (1.761), Santo Antônio de Jesus (1.760) e Camaçari (1.684). Em termos percentuais, Camaçari, localizada na Região Metropolitana de Salvador (RMS), aparece em segundo lugar, com 9,78% dos adolescentes obesos e 477 (2,77%) com obesidade grave.
O levantamento também revela a distribuição racial dos adolescentes com obesidade na Bahia: 20.963 são pardos, 3.335 são pretos e 3.583 são brancos.
De acordo com a nutróloga e endocrinologista Dra. Sandra Gordilho, os hábitos alimentares são formados desde a infância, com grande influência dos pais na educação alimentar dos filhos.
"Normalmente, as crianças preferem alimentos doces, gordurosos e macios, como pães. Podemos perceber a gravidade da situação ao observar o aumento de problemas dentários, não só pelo excesso de açúcar, mas também pela preferência por alimentos moles, que não estimulam o desenvolvimento ósseo do rosto, como frutas crocantes fariam", destaca a especialista, ao chamar a atenção para os impactos da má alimentação.
Em março deste ano, a Federação Mundial de Obesidade divulgou o Atlas Mundial da Obesidade 2024, revelando que o Brasil pode enfrentar uma crise ainda maior até 2035, quando até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos podem estar com obesidade ou sobrepeso.
De acordo com o estudo, em 2020, 34% dos jovens dessa faixa etária já apresentavam um IMC (Índice de Massa Corporal) elevado, somando mais de 15 milhões de casos. A projeção para 2035 indica um aumento significativo, com mais de 20 milhões de crianças e adolescentes brasileiros nessa condição.
A endocrinologista também alerta para a quantidade de horas que as crianças e adolescentes são expostas nas telas, que chega a ser de sete horas por dia, de acordo com um estudo americano divulgado pela Common Sense Media. "Imagine isso a nível de locomoção, de gasto energético. São hábitos de vida que não são saudáveis, isso aumenta o número de obesidade", acrescenta a profissional.
O Ministério da Saúde, através do Guia de Atividade Física para a População Brasileira, orienta que crianças e adolescentes pratiquem atividades físicas regularmente. As principais recomendações incluem:
- Pelo menos 60 minutos diários: atividades que aumentem a frequência cardíaca e a respiração são essenciais.
- Três vezes por semana: exercícios que estimulem o fortalecimento muscular e ósseo, como pular, puxar ou empurrar.
- A cada 1 hora, se movimente por 5 minutos: reduza o tempo em que você permanece sentado ou deitado, assistindo a TV ou usando o celular.
A Dra. Sandra Gordilho reforça que é possível reverter o quadro de obesidade e sobrepeso com escolhas mais conscientes. "Substituir parte do tempo no celular por caminhadas e esportes é fundamental, não só para o corpo, mas também para a mente. Pequenas mudanças, como melhorar a alimentação e evitar alimentos ultraprocessados, são passos importantes. Comida de verdade não tem rótulo", concluiu.