Marcelo Queiroga atualiza recomendações de vacina para gestantes e puérperas
Segundo o ministro, intercambialidade de vacinas não está autorizada
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou nesta quinta-feira (8), durante entrevista coletiva, que será retomada a vacinação de gestantes e puérperas sem comorbidades. A pasta recomenda, entretanto, que essas mulheres não sejam vacinadas com os imunizantes da AstraZeneca ou da Janssen contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A orientação é que elas recebam somente as vacinas da Pfizer e CoronaVac.
Para as gestantes que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca antes da suspensão do uso em grávidas e puérperas, a orientação é que elas devem retornar para uma segunda dose do mesmo imunizante. A aplicação da vacina havia sido interrompida em maio, por uma recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a suspeita de que o imunizante teria causado uma reação adversa grave em uma gestante no Rio de Janeiro.
“Para as grávidas que tomaram a AstraZeneca, a orientação é a mesma: que após o puerpério seja feita a imunização com a mesma vacina e, com isso, completada a imunização”, disse o ministro, assegurando que, nestes casos, a vigilância sanitária será reforçada de forma a “monitorar a possibilidade de eventos tardios que, embora raros, podem acontecer”.
De acordo com o ministro, a decisão de retomar a vacinação de grávidas e puérperas levou em conta o elevado índice de mortalidade entre este grupo de mulheres, bem superior que o do restante da população, conforme assinalou o secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, sustentando os riscos de eventuais reações adversas superam os benefícios já comprovados das vacinas.
“Temos que pesar o risco benefício. Principalmente com a nova variante, a epidemia da covid-19 afetou as grávidas. Tanto que a letalidade [da doença] entre elas está em torno de 10%, enquanto entre a população geral é menor que 2%. Portanto, ao avaliarmos o custo benefício [de aplicar o imunizante], não há nenhuma discussão: é muito favorável o uso das vacinas nas grávidas de forma geral”, disse o secretário.
Intercambialidade
No evento, a pasta também desautorizou a combinação de vacinas. Essa prática, chamada de intercambialidade, já foi adotada por alguns municípios que, na ocasião, usaram vacinas diferentes (primeira e segunda dose) para vacinar a mesma pessoa. Segundo Queiroga, ainda não há nenhuma comprovação médico-científica que valide a prática da intercambialidade, que não é recomendada em nenhum caso.
“Estudos de intercambialidade estão sendo realizados, mas ainda não são suficientes para tomarmos decisões como estratégias de saúde pública. Na hora que houver mais estudos, aí sim os especialistas vão se manifestar no [âmbito] do Programa Nacional de Imunização, apoiado pela câmara técnica”, disse o ministro ao fazer um alerta para os secretários de saúde de estados e municípios que, porventura, tenham adotado a combinação de vacinas. “Os secretários estaduais e municipais de Saúde que, por acaso, queiram modificar as orientações do PNI não devem fazê-lo por conta própria. Devem fazê-lo após aprovação do grupo intergestor do PNI, apoiado pela Câmara Técnica. Claro que eles têm sua autonomia, mas não para mudar o cerne do que foi discutido na política tripartite”, afirmou Queiroga.