Marido de ministra, prefeito de Belford Roxo demitiu quem não apoiou Lula, denunciam servidores
Waguinho teria obrigado funcionários a ir em comícios fora do expediente
Foto: Reprodução/Instagram
Ex-funcionários da Prefeitura de Belford Roxo (RJ) afirmam terem sido demitidos pelo prefeito da cidade, Waguinho (União Brasil), por se recusarem a apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições. Ele é marido da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil). As informações são da Folha.
Ao menos cinco ex-servidores relataram que foram exonerados por Waguinho ou não receberam salários a partir de outubro após não concordarem em ir a comícios após o horário de expediente ou em razão de conteúdos contrários a Lula que publicarem em suas redes sociais pessoais.
Os funcionários apresentaram provas documentais à Folha, com folhas de ponto com os dias trabalhados e os prints de grupos de mensagem com as cobranças de comparecimento em atos políticos.
A professora Simone Paula Oliveira afirma que recebeu seu último salário em 20 de setembro, ainda antes do primeiro turno. Mesmo dando aulas durante todo o mês de outubro, não teve mais nenhum dinheiro depositado na conta. Ela chegou a ir até a Prefeitura para cobrar, mas descobriu que seu contrato havia sido cancelado.
"Fui cancelada porque apoiei [Jair] Bolsonaro e não fui nas reuniões que eles obrigavam a ir. Diziam: ‘Se não for, o nome vai ser anotado e vai ser exonerado’", afirma ela.
Outros quatro ex-servidores, que não quiseram se identificar, têm relatos similares, nas pastas da Saúde e da Educação.
Procurada, a Prefeitura de Belford Roxo afirmou que exonerações ocorreram porque a gestão "criou uma nova estrutura administrativa, já aprovada na Câmara Municipal". Também disse que, "se algum servidor compareceu a evento político de qualquer candidato, foi de livre vontade".