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Bahia

Médicos denunciam diretoria e condições precárias de trabalho no Hospital Menandro de Faria

Acúmulo de funções, demissões de profissionais e falta de medicamentos estão entre as reclamações

Por Da Redação
Ás

Médicos denunciam diretoria e condições precárias de trabalho no Hospital Menandro de Faria

Uma médica obstetra que atuava na maternidade do Hospital Geral Menandro de Faria, em Lauro de Freitas, relatou ao Farol da Bahia que foi dispensada e devolvida para Fundação José Silveira após não concordar com as imposições ilegais da diretoria do hospital. De acordo com a denúncia apresentada, os inúmeros problemas acontecem ao menos desde abril de 2020, quando ela passou a trabalhar no local.

"Fui devolvida para Fundação e não poderei mais dar plantão no Menandro por inconformidade com a unidade. Na verdade, isso é porque não acato o que a diretoria quer, que é errado", diz a mulher ao relatar, em seguida, os diversos problemas constantes na maternidade. 

Segundo a profissional, um dos problemas é quanto às escolas de plantões "cheias de buracos", ela ressalta. "Porque outros médicos da maternidade não querem trabalhar por causa da falta de parceria entre a categoria e a diretoria, além da falta de condições apropriadas para o trabalho e falta de medicamentos", completa.

"São dois obstetras por plantão e quando a escala tá com buraco porque um médico deixa de ir, o correto é restringir o atendimento apenas para urgências. Mas a gente era obrigado a ficar com a porta aberta, atendendo todo o tipo de ficha. Ficha verde, ficha azul, que são fichas que não tem muita urgência. Éramos obrigados a ficar atendendo com a equipe incompleta, sem o neonatologista porque a maioria dos plantões não tem. Não tem UTI Neonatal. As pacientes não sentem confiança no hospital, elas não querem ir por falta de assistência", explica a médica. 

Ela e outros médicos insatisfeitos com o trabalho desenvolvido na maternidade atribuem às diversas irregularidades aos diretores do hospital, o diretor-médico Daniel Gomes, e a diretora-geral, Murita Laborda. O Farol da Bahia teve acesso aos prints do grupo de obstetrícia do Hospital Menandro de Faria, onde comprova alguns dos problemas no setor de maternidade da unidade de saúde. 

No primeiro print, aparece o diretor Daniel solicitando que os obstetras cumpram a função do neonatologista e afirmando que o hospital ficaria sem obstetras pelas próximas 24 horas. Em outro print, é possível compreender que a Dra. Murita diz que se uma das médicas estiverem insatisfeitas com o que é proposto, peça demissão. Situações como outras profissionais da obstetrícia afirmarem que está sozinha no plantão também foram enviadas para a redação. 

"Quando o plantão está com um [médico] só, o correto é restringir o atendimento porque um obstetra sozinho, é como se fosse nada. Uma cesárea não se faz com um obstetra só, são dois. Outro fato que aconteceu mais de uma vez, foi dois obstetras que estavam escalados para o mesmo plantão foram obrigados a prescrever as pacientes da enfermaria de obstetrícia. Isso é outro médico que faz, os diaristas. Mas não tinha e obrigaram os dois de plantão a passarem esses pacientes. Isso é errado. Eles estavam fazendo duas funções ao mesmo tempo", denuncia a médica.

"A diretora simplesmente demite do Menandro"

Ao Farol da Bahia, a médica relatou ainda que todos os obstetras sabem que todos os hospitais têm seus problemas, mas que continuam no postos pensando nas pacientes. No entanto, segundo ela, a diretora Murita "não está nem aí para ninguém", e demite ou devolve os profissionais para a Fundação Silveira quando os mesmos reclamam de algo. 

"Ela quer médicos lá para fazer de gato e sapato, fazer o que ela quer e não o que é correto. A gente sofre retaliação. Quatro já passaram por isso, sendo dois que foram devolvidos e outros dois pediram demissão. Isso não é postura de diretora", afirma.

Questionada se alguma denúncia havia sido formalizada à Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab), a profissional negou por acreditar que de nada adiantaria. 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) para pedir uma resposta sobre as denúncias apresentadas contra a diretoria e as supostas irregularidades da unidade de saúde, no entanto, a pasta não respondeu aos questionamentos do Farol até o fechamento desta matéria.

Situação leva médica a pedir demissão

Uma médica que trabalhou até meados de 2021 no hospital, que também preferiu não se identificar, reforça as denúncias da outra profissional do Menandro. De acordo com a profissional, que pediu demissão, o hospital sofre com falta de estrutura para atender os pacientes, falta materiais para os atendimentos, como macas, e, principalmente, tem déficit de equipe para realizar procedimentos caso os pacientes necessitem. 

“Quando ainda trabalhava no hospital, reclamava de ar condicionado antigo e parede com mofo, estrutura mínima para exercermos a profissão. Pedíamos reparo, mas a diretora não dava previsão”, ela revela. 

Outra queixa da ex-médica do Menandro é quanto à falta de respeito da administração perante a equipe. “Às vezes tinha apenas um obstetra e a diretoria mantinha a porta aberta, isto é, ainda permitia fazer fichas para entrar mais pacientes. Com um obstetra, se precisar de alguma cirurgia de emergência, não tem outro profissional para realizá-la”.

A médica ainda revela que fazia plantões sem neonatologista. “A diretoria alegava que nenhum profissional desta especialidade queria trabalhar no Menandro, mas eu conversei com colegas que falavam que lá não tinha estrutura, e não tem mesmo”.
 
“Me demiti também porque, várias vezes, no dia seguinte do plantão não ia ter obstetra e corria o risco de dobrar o plantão. Outra coisa, às vezes tinha parto de um prematuro e não conseguiamos regular a paciente a tempo e o prematuro nascia e não tinha neo, assistência ou UTI. O nenê e a mãe ficavam à mercê do que podia acontecer de quando a regulamentação podia sair”.

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