Milei na Argentina apresenta riscos de longo prazo a exportações no Brasil, diz FGV
Segundo o texto, o país não deve colaborar para facilitar acordos que melhorem os canais de comércio de bens
Foto: Divulgação
A vitória de Javier Milei nas eleições para a presidência da Argentina não afeta, no curto prazo, as trocas comerciais do Brasil com o país, mas traz riscos futuros. A avaliação consta no relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
“A vitória de Milei poderá trazer riscos para o comércio bilateral do Brasil com o país. Mesmo que não cumpra a ameaça de sair do Mercosul, a Argentina não deverá colaborar para facilitar acordos que procurem melhorar os canais de comércio de bens e serviços na região”, resumiu a FGV.
O comércio com a Argentina rendeu um superávit de US$ 4,7 bilhões (R$ 22,82 bilhões) para a balança comercial brasileira no acumulado de janeiro a outubro deste ano. O resultado é mais que o dobro do superávit de US$ 2,3 bilhões (R$ 11,17 bilhões) obtido pelo Brasil nas trocas comerciais com a Argentina de janeiro a outubro do ano passado.
“A vitória de Milei na Argentina levanta preocupações para o comércio externo brasileiro. Nada que afete no curto prazo o intercâmbio comercial, que já estava desacelerando com a crise argentina. Os riscos surgem com as incertezas trazidas por pronunciamentos durante a campanha presidencial”, avalia a FGV.
Ainda de acordo com o relatório, a saída do país do Mercosul, caso ocorra, vai apresentar impactos negativos para as exportações brasileiras. "Além disso, poderá afetar o término das negociações com a União Europeia previstas para 7 de dezembro, que, mesmo sendo antes da posse do novo presidente, poderá ser contaminado com um cenário desfavorável”, aponta.