Militares dão golpe de Estado no Sudão e prendem premiê interino do país
General que comandava conselho de transição decretou estado de emergência e dissolveu o conselho e o governo
Foto: Sarah Meyssonnier/Getty Images
O Ministério da Informação do Sudão anunciou, nesta segunda-feira (25), que o país sofreu um "golpe de Estado". De acordo com o órgão, militares prenderam o primeiro-ministro interino do Sudão, Abdallah Hamdok, e outras autoridades. Além disso, cortaram o acesso à internet e bloquearam pontes na capital Cartum
O general que chefiava o Conselho Soberano, Abdel Fattah al-Burhan, anunciou estado de emergência em todo o país, dissolveu o próprio conselho e o governo de transição (comandado por Hamdok). Essas ações, juntamente com as prisões de autoridades do governo interino, ocorrem próximo a data em que o general Abdel-Fattah Burhan teria de entregar a liderança do Conselho Soberano a um civil.
O conselho foi criado logo após a saída do ditador Omar al-Bashir. Ele governou por três décadas e foi derrubado por protestos há dois anos. O conselho era formado por civis e militares que frequentemente discordavam sobre o futuro do país e o ritmo da transição para a democracia.
Em resposta às ações dos militares, milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum e Omdurman para protestar. Elas estão bloqueando vias e incendiando pneus enquanto forças de segurança usam gás lacrimogêneo para dispersá-los.
A TV Al-Arabiya diz que várias pessoas ficaram feridas após manifestantes e soldados entrarem em confronto próximo aos quartéis na capital. Um comitê de médicos local afirma que ao menos 12 pessoas ficaram feridas em confrontos.
O local para onde Hamdok foi levado não foi informado. Ministros e membros do Conselho Soberano também foram detidos.
Em 21 de setembro deste ano, o governo já havia sofrido por uma tentativa de golpe.
A tomada de poder pelos militares é um grande retrocesso para o Sudão. O país passava por uma transição para a democracia desde a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou entre 1989 e 2019.