Militares de Mali detêm presidente e primeiro-ministro de transição
Atuais lideres do país teriam sido levados para acampamento militar fora da capital Bamako

Foto: Reprodução/Middle East Online
Militares de Mali, insatisfeitos com a remodelação do governo anunciada pelas autoridades de transição, detiveram o presidente e o primeiro-ministro nesta segunda-feira (24), em um golpe que abalou o país africano, mergulhado por anos em uma crise profunda. O presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane lideram um governo de transição que foi instalado após um outro golpe realizado em agosto do ano passado, para neutralizar a ameaça de sanções internacionais.
No entanto, os golpistas e militares mantiveram influência sobre o governo, levantando dúvidas sobre o compromisso de realizar eleições no início do próximo ano. Dois altos funcionários que pediram para não ser identificados disseram à AFP que os soldados levaram Ndaw e Ouane para o acampamento militar de Kati, fora da capital Bamako. As prisões se seguiram à remodelação do gabinete na tarde de segunda-feira (24), em resposta às crescentes críticas ao governo interino.
Na mudança, os militares mantiveram os ministérios estratégicos que já controlavam no governo, mas dois golpistas, o ex-ministro da Defesa Sadio Camara e o ex-ministro da Segurança, coronel Modibo Kone, foram excluídos. Enquanto isso, rumores de um possível tentativa de golpe de estado circulavam na capital, embora a cidade permanecesse calma. O primeiro-ministro Ouane disse à AFP, em um breve contato telefônico antes do corte da linha, que os soldados "vieram atrás de mim".
No Twitter, a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Mali pediu calma e a libertação imediata de Ndaw e Ouane. "Aqueles que os detêm terão que responder por suas ações", advertiu a missão da ONU. Os líderes da União Europeia (UE) condenaram o que chamaram de "sequestro" do presidente civil e primeiro-ministro do Mali, disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
"O que aconteceu é muito sério e estamos prontos para considerar as medidas necessárias", disse Michel a jornalistas após uma cúpula dos 27 governantes da UE. O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo nesta segunda à "calma" o Mali e pediu a "libertação incondicional" de seus líderes civis. "Estou profundamente preocupado com a informação sobre a detenção dos líderes civis responsáveis pela transição no Mali", acrescentou Guterres na mensagem.