Militares podem ter financiado os atos de 8 de janeiro, diz PF

Dados extraídos do celular de Mauro Cid sugerem que membros ativos das Forças Armadas podem estar ligados ao financiamento dos atos de 8 de janeiro e a possíveis planos de golpe após as eleições presidenciais de 2022. As informações foram divulgadas no sábado (26), pela Polícia Federal. 

Os resultados derivam de uma análise preliminar dos conteúdos dos dispositivos celulares pertencentes a Mauro Cid e à sua esposa, Gabriela Santiago Cid. Entre as mensagens encontradas em grupos e chats no WhatsApp, algumas delas provenientes de militares em serviço, destacam-se incentivos à continuação de protestos contrários ao sistema democrático e a coordenação de ações visando um golpe após o pleito, levantando suspeitas de financiamento irregular.

A investigação conduzida pela PF sustenta que as evidências reunidas até o momento corroboram a possibilidade de que os envolvidos estivessem tramando a efetivação de um golpe, usando tanto estratégias para instigar a população quanto para elaborar e executar medidas concretas. Já em junho, a investigação havia descoberto no celular de Cid um guia detalhado sobre os passos a serem seguidos para consumar um golpe.

Os dados coletados também insinuam que Mauro Cid havia compilado documentos com o objetivo de fornecer uma base jurídica para o empreendimento golpista, incluindo pesquisas sobre o papel das Forças Armadas na manutenção dos poderes constitucionais e ações relacionadas à manutenção da ordem (Garantia da Lei e da Ordem - GLO).

Para além das suspeitas de conluio em torno de um golpe, a análise dos telefones móveis trouxe à tona indícios de desvio de propriedades de alto valor, presentes de autoridades estrangeiras destinados a Jair Bolsonaro e outros funcionários públicos. O relatório também aponta para tentativas de ocultação da origem, localização e posse desses recursos.