Ministério da Saúde investiga denúncias de desvio de remédios dos Yanomamis para garimpeiros
Fiocruz relata ter recebido informação de que os medicamentos estão sendo vendidos
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Ministério da Saúde apura as denúncias de desvio de remédios destinados aos Yanomamis para garimpeiros. Por meio de um ofício do último dia 18, a Fiocruz relata ter recebido a informação de que medicamentos para a malária estão sendo vendidos por mineradores irregulares no meio da Amazônia, em Roraima. As informações são de reportagem do UOL.
"Tendo Farmanguinhos entregue toda a produção ao Ministério da Saúde", diz a Fiocruz no documento, em referência ao remédio artesunato + mefloquina, "vimos a necessidade de informar-lhes a fim de que medidas possam ser tomadas para que o rastreio da distribuição desse medicamento possa ser feito e apurado o fato relatado".
O Supremo Tribunal Federal (STF) solicitou que uma investigação fosse feita da gestão de Jair Bolsonaro (PL) por supostas omissões e suspeita de genocídio dos povos indígenas, além do descumprimento de decisões judiciais que determinavam o reforço nas políticas voltadas para essas comunidades.
De acordo com um enfermeiro que trabalhou por oito anos na terra indígena Yanomami, em entrevista ao Estadão, os garimpeiros saem de Boa Vista em direção ao garimpo com os medicamentos em mãos para vender para os que ficaram em campo. A estimativa é de que haja cerca de 20 mil garimpeiros na reserva.
Os profissionais de saúde, por medo, também acabam atendendo garimpeiros, o que agrava a falta de medicamentos e sobrecarrega o trabalho.
Segundo ele, os desvios de caixas do produto já ocorriam na área de Logística da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), órgão ligado ao Ministério da Saúde.
"A informação da nossa Superintendência de Roraima é que existe um inquérito aberto. Esse fato foi noticiado pela mídia e esse inquérito está em andamento. É claro que vamos preservar o sigilo até mesmo em interesse do resultado útil da investigação. Mas, sim, os fatos estão sendo apurados", disse o delegado à época.
O Estadão não conseguiu contato com a presidência da Fundação Nacional dos Povos Originários (Funai), nem com o novo secretário da Sesai, Weibe Tapeba, e com o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, da gestão Jair Bolsonaro.