Ministério da Saúde modifica diretrizes para vigilância do Oropouche
Com o crescimento de casos, pasta fortalece estratégias de vigilância, prevenção e capacitação para combater a doença propagada pelo mosquito maruim
Foto: Agência Gov
O Ministério da Saúde inovou as diretrizes para vigilância e controle de Oropouche no Brasil em nota técnica divulgada nesta semana. A medida reitera as ações de acompanhamento das arboviroses, de acordo com plano apresentado em setembro.
O documento foi feito após o Colóquio sobre a Emergência de Oropouche no Espírito Santo: Ações de Vigilância, Assistência e Pesquisa, executado entre os dias 16 e 17 de dezembro de 2024. O evento no estado capixaba juntou especialistas, pesquisadores e gestores estaduais e municipais para a troca de experiências e a verificação de estratégias de combate da doença.
Na nota, o Ministério da Saúde retifica o contexto epidemiológico nacional, adicionando a confirmação de óbitos, conduz as vigilâncias quanto a apuração de óbitos suspeitos, recomenda o conceito de caso para a assistência e vigilância e reitera o conteúdo de outras documentações sobre o tema, como transmissão vertical e investigação entomovirológica.
A diretriz do Ministério também realça a importância da apuração epidemiológica para localizar os locais de infecção e caracterizar o mosquito que transmite a Oropouche, doença de notificação obrigatória no país devido ao seu potencial epidêmico, e reitera a importância da apuração de óbitos relacionados a doença.
Cenário epidemiológico
Desde o ano passado, o Brasil tem anotado um crescimento no número de casos de Oropouche, com 11,6 mil casos confirmados até a semana epidemiológica 50 de 2024, e a transmissão foi apontada em 22 estados, exceto: Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul, que só tiveram casos importados.
Até agora, foram confirmados quatro óbitos ligado ao vírus, e outros quatro continuam em investigação. Ainda foram confirmados cinco casos de transmissão vertical, sendo quatro óbitos fetais e um por anomalia congênita, 24 casos de transmissão vertical continua em apuração, sendo 20 óbitos fetais e quatro anomalias congênitas.
No período da 12ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) , feita em 19 de dezembro, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente , Ethel Maciel, salientou a situação do Espírito Santo, que nas últimas quatro semanas concentrou 98,7% dos casos de Oropouche registrados no país. "O Espírito Santo adotou uma forte vigilância, aumentando a testagem de amostras negativas para dengue , Zika e chikungunya , o que tem permitido diagnósticos mais precisos. Essa abordagem serve como modelo para outros estados, considerando que cerca de 40% dos casos prováveis de arboviroses no Brasil testam negativo para essas doenças, o que indica a possível presença de outros patógenos", contou.
É importante realçar que apesar de outras cidades do estado do Espírito Santo terem confirmados casos esporádicos, 96% dos casos registrados nas últimas quatro semanas estão concentrados em cinco cidades.
Sintomas
A infecção pelo vírus Oropouche causa sintomas como febre, dor de cabeça prolongada e intensa, dor muscular e nas articulações. Ainda podem acontecer tontura, dor nos olhos, calafrios, sensibilidade à luz, náuseas e vômitos.
Em casos mais graves, podem aparecer sangramentos e problemas no sistema nervoso. Os sintomas costumam ter um período de 2 a 7 dias, porém em algumas pessoas podem ser mais intensos. Ainda que alguns sintomas sejam parecidos aos da dengue, o tratamento deve ser avaliado conforme cada caso, pois a doença ainda está sendo melhor compreendida.
Prevenção e medidas de controle
A prevenção e o controle são fundamentais para diminuir o risco de exposição ao vírus Oropouche, sobretudo em áreas com presença do transmissor.
Monitoramento e capacitação
Desde o início desse ano, o Ministério da Saúde tem se esforçado a fazer debates e ações estratégicas sobre o vírus Oropouche, com o intuito de fortalecer a vigilância, a assistência e a pesquisa relacionadas à doença.
Através de uma série de eventos promovidos pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais de Saúde, apurações de campo e publicações técnicas, a pasta tem procurado sensibilizar profissionais de saúde e promover a atualização dos protocolos de manejo e diagnóstico, com foco na transmissão vertical e no acompanhamento de casos em gestantes.