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Ministério Público acusa Google de obstruir investigações sobre morte de Marielle Franco

MP do Rio de Janeiro alega que empresa impõe dificuldades ao fornecer dados para investigação

Por Da Redação
Ás

Ministério Público acusa Google de obstruir investigações sobre morte de Marielle Franco

Foto: Câmara Municipal do Rio de Janeiro

O Ministério Público do Rio de Janeiro acusou o Google, em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), de atrapalhar as investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ao não fornecer dados para a investigação.

Em um documento de 33 páginas, o MP aponta que a empresa impõe "dificuldades" à apuração do suposto mandante do duplo homicídio, destacando que o Brasil pode se tornar o "paraíso do crime" caso o STF não obrigue a empresa a disponibilizar informações sobre pesquisas relacionadas à Marielle e sua agenda nos dias que antecederam o assassinato, ocorrido em 14 de março de 2018.

A manifestação enviada à relatora do caso, ministra Rosa Weber, na última sexta-feira (12), destaca que a decisão sobre quando colocar o tema em pauta está nas mãos dela. O Google recorreu ao STF em 2021 contra uma decisão do Superior Tribunal de Justiça que determinou a quebra de sigilo de um grupo indeterminado de pessoas que utilizaram o mecanismo de busca com parâmetros relacionados a Marielle Franco durante um período específico em março de 2018.

O Google tem argumentado em várias manifestações ao STF que a realização de varreduras nos históricos de pesquisa de usuários configuraria uma violação do direito à privacidade e seria inconstitucional por se tratar de uma quebra de sigilo "generalizada". Essa batalha judicial, que se arrasta desde 2018 e está no Supremo há dois anos, tem sido apontada pelos investigadores como um obstáculo para uma resolução rápida do caso.

O MP afirma que as dificuldades impostas pelo Google representam a perda de uma oportunidade para que a investigação pudesse ter um curso mais ágil. Segundo o órgão, as investigações revelaram que o carro onde estavam os assassinos de Marielle seguiu a vereadora quatro vezes no mês que antecedeu o crime, evidenciando que a vítima estava sendo monitorada e que houve um "pré-crime". Nesse sentido, o Ministério Público busca acesso aos metadados daqueles que fizeram as buscas, sem a identificação do usuário.

O MP também acusa o Google de ter parte da responsabilidade pelos ataques injustificáveis que os investigadores frequentemente enfrentam pela imprensa e por outros que desconhecem a realidade. Por fim, a manifestação lista uma série de casos nos Estados Unidos nos quais o Google forneceu dados sobre acessos a determinados sites e informações de geolocalização para solucionar homicídios, roubos e desmantelar redes de pedofilia.

Resposta do Google

O Google já atendeu mais de 90 pedidos de informações dos cinco grupos investigadores que passaram pelo caso Marielle Franco. A empresa entende que se o STF determinar a entrega dos dados, não haverá mais privacidade garantida para quem usar o buscador.

“Ordens como a discutida no caso transfiguram ferramentas cotidianas da internet em mecanismos de vigilâncias irrestritas, autorizam a devassa coletiva de dados de pessoas indiscriminadas e envolvem, em investigação criminal, pessoas insuspeitas pelo mero fato de terem realizado atividade perfeitamente comum e lícita – a pesquisa em buscador na internet”, afirmou a empresa em manifestação enviada ao STF no começo do mês.

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