Ministério Público solicita prisão de prefeito acusado de abusos sexuais no Ceará
As vítimas identificadas terão que prestar depoimento na polícia
Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) solicitou à Justiça nesta quarta-feira (17), a prisão preventiva do médico José Hilson de Paiva, que também é prefeito de Uruburetama, município cearense, afastado após ser acusado de crimes contra a dignidade sexual. De acordo com a Promotoria de Justiça da Uruburetama, o médico pode comprometer as investigações por sua "influência no município e no meio político". O pedido de prisão foi expelido pelo órgão ainda nesta quinta-feira (18), confirmando a medida preventiva feita pela Polícia Civil.
Logo após ser afastado da prefeitura, o médico deixou a cidade de Uruburetama e foi para Fortaleza, onde está atualmente na casa de familiares.
O pedido de prisão solicitado pelo MPCE utiliza como embasamento o fato de que mesmo após estar afastado das funções de prefeito e médico, José Hilson de Paiva é considerado influente e pode "coagir, constranger, ameaçar, corromper, enfim, praticar atos tendentes a comprometer a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil".
José Hilson de Paiva tem 70 anos, é funcionário de hospitais públicos e também desempenha a função de prefeito do Uruburetama. Ele foi eleito em 2016, com 76% dos votos.
Posicionamento
Em nota ao G1, o advogado do prefeito afastado, Leandro Vasques, afirma que o pedido de prisão é "desnecessário" porque Hilson está em um local conhecido pelas autoridades e que "os pré-requisitos da prisão preventiva não se verificam no caso". Segundo a defesa, os fatos são antigos e foram praticados antes de o prefeito estar à frente do Executivo de Uruburetama.
O caso
Em gravações divulgadas no programa "Fantástico" da Rede Globo, o médico foi visto em imagens cometendo atos de abuso sexual contra mulheres, incluindo menores de idade. Mais de 63 vídeos foram obtidos pela equipe de reportagem da emissora. Pelo menos 18 vítimas, que foram identificadas nas cenas serão intimadas para depor.
A Promotoria de Justiça de Cruz também vem participando do caso e ainda nesta semana, o órgão recebeu depoimento de quatro vítimas que já apresentaram à delegacia após a divulgação dos vídeos. Antes nenhuma vítima tinha procurado a polícia para prestar depoimento.
Denúncias já ocorreram antes
As denúncias de abuso contra o prefeito já foram registrados desde 1986. Nos casos mais recentes, em 2018, o médico foi absolvido das acusações e denunciou as mulheres por calúnia e difamação. Três se desculparam pelas acusações e escaparam de processos, somente uma negou.