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Ministra fez um reflexão sobre sua nomeação como primeira mulher negra no TSE

Edilene Lôbo fala sobre sua nomeação em entrevista

Por Da Redação
Ás

Ministra fez um reflexão sobre sua nomeação como primeira mulher negra no TSE

Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Em agosto, Edilene Lôbo se tornou a primeira ministra negra a ocupar um assento no tribunal, um marco significativo na trajetória da Justiça Eleitoral no Brasil. "Recentemente, ouvi um comentário racista de alguém que afirmou que minha pele nem era tão escura", compartilha em entrevista à Universa. 

Apesar de ser uma renomada jurista com expertise em direito eleitoral, administrativo e penal, além de lecionar na Universidade de Itaúna, em Minas Gerais, Lôbo é chamada com frequência para discutir o racismo nas instituições, incluindo o sistema judiciário. Em seu discurso de posse ela ressaltou "Este lugar e esta missão são a um só tempo resultado e ponto de partida de lutas históricas de grupos minorizados para vencer uma herança estrutural de desigualdade de oportunidades".

Edilene Lôbo fez uma reflexão sobre sua nomeação como primeira mulher negra no TSE e expressou orgulho e consciência de uma responsabilidade ampliada. Ela ressaltou que, como primeira ministra negra, tem o dever de abrir caminho para outras mulheres negras ocuparem cargos de destaque. Lôbo compartilhou sua jornada, marcada por determinação e apoio familiar, desde sua origem no norte de Minas Gerais até sua trajetória acadêmica e profissional. Falou sobre as dificuldades enfrentadas, frisando que o discurso simplista da meritocracia não pode ignorar as desigualdades estruturais presentes na sociedade brasileira.

Edilene Lôbo destacou que ter mulheres negras no TSE vai além da aplicação da Constituição. É uma questão de eficiência, pluralidade e, acima de tudo, justiça. A diversidade de perspectivas enriquece o processo decisório, promovendo uma atuação judiciária mais eficaz. Além disso, Lôbo enfatiza que é um imperativo democrático que as pessoas sejam julgadas por um coletivo que as represente de forma condizente.

Quando questionada sobre sua atuação no TSE, mencionou a importância de enfrentar desafios como fake news, milícias digitais e violência política de gênero e raça. Ela ressaltou a necessidade de promover a eficiência do tribunal, garantindo um processo eleitoral justo e transparente. Lôbo observou que as fake news não apenas disseminam desinformação, mas também têm um impacto direto na saúde e na democracia. Ela enfatizou a importância de abordar essas questões para fortalecer a integridade das eleições.

Reconhecendo o valor das críticas responsáveis em uma democracia, destacou a importância de evitar desvalorizar instituições judiciais. Ela enfatizou que o TSE desempenha um papel crucial na preservação da democracia, organizando eleições e regulamentando o processo político para o benefício de toda a sociedade. Em meio a debates sobre a politização do TSE, Lôbo apela para um discurso respeitoso e cauteloso, lembrando que as palavras têm um poder imenso, especialmente em um momento sensível para o tribunal.

Edilene Lôbo não hesitou em afirmar que as fake news contribuem para a desigualdade social, racial e de gênero. Ela destacou como a disseminação de informações falsas durante a pandemia teve consequências devastadoras, destacando a importância de enfrentar esse fenômeno para preservar vidas e a democracia.

Ao abordar o tema da luta por identidade e reparação, Lôbo ressaltou a complexidade dessas questões e critica a simplificação do debate. Ela destacou que a busca por visibilidade e inclusão vai além de uma luta por identidade; é um chamado à justiça e à reparação em uma sociedade que muitas vezes tenta apagar a presença das pessoas negras.

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