Ministro da Agricultura direcionou verba para estradas que beneficiam empresário eleitor de Lula, diz coluna

Os recursos enviados pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a Mato Grosso beneficiam o empresário Eraí Maggi, dono do grupo Bom Futuro, que declarou apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A informação foi divulgada na coluna de Guilherme Amado, do site Metrópoles. 

O valor de R$ 47,2 milhões da pasta da Agricultura foi enviado para as cidades de Canarana e Campo Verde e, ao todo, é destinado à manutenção e recuperação de estradas que atendem diretamente as fazendas de Maggi. As verbas são das extintas emendas de relator de Jair Bolsonaro, transferidas para o controle dos ministérios no final do ano passado.

Em Canarana, um dos trechos da obra prevista atravessa a Fazenda Cocal, que pertence à empresa Bom Futuro. A cidade recebeu a maior quantia do valor repassado pelo ministro: R$ 26,3 milhões. 

Já em Campo Verde, para onde foram destinados R$ 20,9 milhões, o principal trecho da obra sai da Fazenda Fartura, do grupo Bom Futuro, e leva às fazendas Filadélfia e Galheiros, que também pertencem ao grupo de Eraí Maggi.

Maggi informou que a empresa Bom Futuro planta em 42 dos 141 municípios de Mato Grosso e que qualquer programa de estradas “provavelmente vai pegar alguma área em que a Bom Futuro planta”.

“Isso é bom para o Brasil, é bom para o agro, é bom para os produtores. Sem estrada a comida não chega na mesa do nosso povo, na mesa do trabalhador, da empregada doméstica”, afirmou o empresário em nota enviada à Metrópoles. Ele também nega que tenha solicitado ajuda ao ministro Carlos Fávaro para liberação de verbas ou que elas beneficiem diretamente suas fazendas. 

Até agora, foram liberados para pagamento R$ 282 milhões pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dos quais R$ 171 milhões para nove cidades de Mato Grosso. Além de Canarana e Campo Verde, o grupo Bom Futuro tem fazendas próximas das estradas de outros quatro municípios contemplados: Alta Floresta, Planalto da Serra, Querência e Matupá.

O Ministério da Agricultura informou que o recurso atende 750 km de rodovia e “é difícil ter um local de alta produção em que o grupo não tenha propriedade, já que são regiões intensas de agricultura”.

Carlos Fávaro 

Fávaro participou ativamente da campanha do presidente eleito Lula, em Mato Grosso. Ainda em 2014, então filiado ao Partido Progressista (PP), ele foi eleito vice-governador do estado do Mato Grosso (MT). Dois anos mais tarde, foi nomeado secretário de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, cargo no qual permaneceu até 2017.

Nas eleições de 2018, Fávaro se lançou ao Senado para disputar uma das duas vagas por Mato Grosso naquele ano, mas acabou derrotado por Selma Arruda e Jayme Campos (União Brasil), ficando na terceira posição.

No ano seguinte, Selma Arruda e seus suplentes tiveram seus mandatos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por uso de caixa dois nas eleições de 2018. Fávaro então tomou posse como senador interino até a eleição suplementar convocada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) em 2020, na qual se elegeu. O mandato de Fávaro no Senado vai até 2027.