Moradores abandonam casas e polícia ocupa comunidade em Salvador, depois de intensas trocas de tiros entre facções
Vila Verde apresenta um cenário de casas sem habitantes, de portas abertas e muitas com janelas quebradas
Foto: Reprodução/TV Bahia
Os tiroteios na localidade de Vila Verde, entre os bairros de Mussurunga e São Cristovão, em Salvador, fizeram diversos moradores abandonarem as suas casas. Com os ataques criminosos, policiais militares passaram a ocupar a região por 24h para devolver a sensação de segurança para as pessoas.
Uma mulher, que preferiu não revelar a identidade, relatou que viveu na Vila Verde por 28 anos, mas decidiu sair, na segunda-feira (20), por causa da sensação de insegurança.
"Eu sempre vivi bem aqui. Infelizmente, em lugar nenhum na Bahia a gente se sente seguro. Aliás, não é só aqui na Bahia, o mundo inteiro está assim", disse a ex-moradora.
"Eu amo meu bairro, mas fazer o que? Quem tem Deus tem que olhar para frente e seguir", lamentou a mulher, que segurava sacos com roupas enquanto deixava o local.
A comunidade de Vila Verde apresenta um cenário de casas sem habitantes e de portas abertas. Em algumas delas é possível ver janelas quebradas, móveis, roupas e fotos abandonadas, além de marcas de tiros nas paredes.
Para "marcar território", integrantes das facções criminosas escreveram siglas que representam os grupos nas paredes das casas. Nesta sexta-feira, além de ocupar a localidade com viaturas, equipes da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) apagaram os dizeres.
"Os moradores não falam com a gente até por segurança deles mesmo. Ficam melindrados em falar, mas com a ocupação que a gente tem feito, naturalmente as pessoas vão retornar para suas residências", disse o major Demóstenes Pinheiro, comandante da 49ª CIPM.
Vila Verde fica às margens da Avenida Aliomar Baleeiro, conhecida popularmente como "Estrada Velha do Aeroporto". Além de casas e estabelecimentos comerciais, a localidade tem vários matagais, que muitas vezes são usados por criminosos durante tiroteios.
A região também convive com suspensões de serviços básicos. Na sexta (17), com a ocupação feita pelos policiais, os ônibus do transporte público voltaram a circular normalmente pelo local. No entanto, os rodoviários deixaram de entrar em Vila Verde algumas vezes nas semanas anteriores.
Por causa da situação de insegurança, 226 crianças que estudam da Escola Laura Sales estão sem aulas. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou que não há um prazo para o retorno das atividades.