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Bahia

Moradores alertam que teste em barragem da Pedra do Cavalo ameaça ‘desastre ambiental’

Inema afirma que o teste é necessário, pois vai verificar se o Rio Paraguaçu continua suportando a vazão de água

Por Da Redação
Ás

Moradores alertam que teste em barragem da Pedra do Cavalo ameaça ‘desastre ambiental’

Foto: Reprodução

Os moradores da Reserva Extrativista Marinha da Baía do Iguape, que fica nas cidades de Cachoeira, São Félix e Maragogipe, no Recôncavo Baiano, alertam sobre procedimento de segurança na barragem da Pedra do Cavalo, que ameaça causar impactos socioambientais no meio, o teste de calha.  

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) informa que o teste tem como objetivo verificar se o Rio Paraguaçu continua suportando a vazão de água determinada previamente no projeto da barragem.  

Adiado por duas vezes, moradores da região, professores universitários a ativistas ambientais querem um prazo maior e a realização de um procedimento que cause o mínimo de impacto possível na região.

Marcos Brandão, advogado do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), explica que o problema apontado é de que no teste será liberado um grande volume de água doce para a Baía de Iguape, que é salgada. Essa mistura pode provocar alterações no ambiente e levar a morte de muitos organismos vivos, impactando as famílias que vivem desses recursos.

O professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Eduardo Mendes, afirma que o teste de calha é um procedimento necessário, exigido pela Agência Nacional de Águas (ANA) que seja feito regularmente. 

"Só que quando o teste de calha é feito, existem impactos ambientais e sociais associados. O que queremos é que esses impactos sejam reduzidos e isso não me parece que esteja acontecendo”, afirmou. Para o professor, o mês de agosto não seria o momento adequado para a realização do teste.

“Ele tem que ser feito de novembro a março, durante a cheia do rio Paraguaçu, que desagua na Baía de Iguape. O teste de calha é simular uma grande cheia do rio Paraguaçu, então o mais lógico é que o período de cheia seja o período da simulação. A gente avalia um desempenho de um atleta quando ele está no auge da sua forma”, acrescentou.  

O diretor de recursos hídricos do Inema, Eduardo Topázio, informou que não chegou até o órgão nenhum estudo que ateste o impacto ambiental relacionado à diminuição de pescados na Baía de Iguape e que a mistura da água salgada com a doce na região é algo que já acontecia antes.

 Janete Barbosa, 48 anos, marisqueira e membro do Fórum de Mulheres da Reserva, diz que sempre viveu no local, sabe bem dimensionar a redução de peixes e mariscos. “Antes, a gente pescava de três a cinco quilos de mariscos por dia. Agora, numa semana inteira, esse número reduziu para 800 gramas. Antes, se pegava 40 a 50 dúzias de lambreta por dia. Agora, são 10, no máximo”, afirmou.

“Nosso sentimento é de que vai haver o alagamento das localidades onde a gente marisca. A gente sabe que essa água doce mata os mariscos, temos essa experiência. Então, vai diminuir bastante a nossa renda e, por fim, vem a fome e a miséria. Essa é a nossa infeliz expectativa”, lamentou.  

 

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