Moradores denunciam problemas no transporte público e perseguição de servidor em Lauro de Freitas

Há mais de uma semana, sair de casa se transformou em um verdadeiro dilema e passou a ser sinônimo de transtorno para um grupo de moradores do Solar de Vilas, um complexo de condomínios localizado no centro de Lauro de Freitas. Eles, que já sofrem com a precariedade do transporte público oferecido pela prefeitura, agora precisam lidar com um servidor público que, de acordo com as denúncias, estaria perseguindo uma empresa concorrente contratada para prestar serviços de transportes para as pessoas que residem na localidade.

Tudo começou quando, para driblar a deficiência de linhas de ônibus da região, moradores do complexo contrataram uma empresa particular para prestar serviços de transportes através de vans e micro-ônibus. Chamada SSA Transportes LTDA, a empresa seria de propriedade de um servidor público da Prefeitura de Lauro de Freitas, conhecido como Silas de Sousa Arnaoutte.

Inicialmente, a empresa cobrava R$ 100 para fazer o trajeto até a estação de metrô Aeroporto, bem como o sentido inverso, facilitando o deslocamento das pessoas que precisavam ir até outros pontos da cidade e também daqueles que necessitavam ir até Salvador.

Toda a dor de cabeça começou quando um grupo de moradores insatisfeitos com a prestação de serviços da SSA Transportes resolveu contratar uma outra empresa, a JR Transporte e Turismo, que prometia entregar o mesmo serviço, com com uma mensalidade mais barata, custando R$ 20 a menos que a primeira prestadora, e com horários da saída dos veículos mais flexíveis.

De acordo com as denúncias recebidas pelo Farol da Bahia, desde que a JR começou a atender a região, Silas estaria utilizando da sua influência e conhecimento dentro da prefeitura para dificultar que a nova empresa fizesse o seu trabalho no condomínio. Segundo Leandro da Silva Araújo, proprietário da JR Transporte, desde que começou a trabalhar na região, passou a ser vítima de perseguição por parte de agentes da prefeitura de Lauro de Freitas. Para ele, tudo arquitetado por Silas.

“Nós passamos a operar lá há quase cinco meses. Fomos procurados pelos moradores que estavam insatisfeitos com a empresa que estava lá e montamos um esquema que atendesse melhor essas pessoas. Mas na última semana, sem qualquer explicação, diversos veículos da minha empresa foram apreendidos, inclusive por agentes da SETTOP [Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Ordem Pública da Prefeitura de Lauro de Freitas] e da Guarda Municipal da cidade”, conta ele.

Ainda segundo Leandro, um dos seus veículos foi apreendido, na última terça-feira, sem qualquer justificativa por agentes municipais e levado para outra cidade da Região Metropolitana de Salvador. “Eles não disseram nada sobre o motivo do veículo estar sendo apreendido, simplesmente guincharam o carro e levaram sem nem sequer dizer para onde ele estaria sendo enviado. Eu tive que correr atrás e descobri que a van estava em Simões Filho”, completa.

Moradores também alegam que, para driblar a fiscalização, a SSA Transportes teria plotado todos os veículos da empresa com a mesma identidade visual da Translauf, empresa de transporte alternativo regularizada responsável por prestar serviços de transporte público para os moradores da cidade.

Com todo o imbróglio, os residentes do complexo de condomínios tiveram que mudar a sua rotina para conseguir chegar a tempo em suas demandas pessoais e profissionais. Sem perspectivas de resolução dos conflitos e melhora na prestação de serviço de transporte público, muitos tiveram que optar em fazer uso diário de carros de transporte por aplicativo, como Uber e 99, para não serem prejudicados.

O que dizem os envolvidos

Em nota enviada ao Farol da Bahia, a prefeitura de Lauro de Freitas disse que a única empresa de transporte alternativo regularizada na cidade é a Translauf. As demais, que insistem em atuar no município, não possuem autorizações dos órgãos de fiscalização para desempenhar as atividades.

Por este motivo, a SETTOP realiza fiscalizações e apreensões de veículos que prestam transporte clandestino. A assessoria ainda esclarece que as demais empresas autorizadas pela Agerba para operar na região são a Cooperlotação, Expresso Vitória, Costa Verde e Avanço.

Sobre o servidor Silas de Sousa Arnaoutte, a prefeitura alegou que ele não faz parte da SETTOP, estando lotado no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Lauro de Freitas, e não participa de nenhuma ação de fiscalização realizada pela secretaria de Trânsito e Transporte. Por fim, a nota diz que cabe ao denunciante abrir um processo administrativo sobre o caso na Prefeitura da cidade.

O Farol da Bahia também tentou ouvir Silas, mas até o fechamento desta reportagem, não teve a solicitação atendida por ele.