Morre Piruinha, um dos bicheiros mais conhecidos do Rio, aos 94 anos
José Caruzzo Escafura estava se recuperando de uma pneumonia
Foto: Reprodução
O bicheiro José Caruzzo Escafura, conhecido como Piruinha, morreu nesta quarta-feira (22), aos 94 anos, na casa onde morava na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Um dos nomes mais conhecidos do jogo do bicho na cidade, ele havia recebido alta no dia anterior após passar 10 dias internado no Hospital Vitória para tratar de uma pneumonia.
A morte foi confirmada por Joaquim Queiroga Neto, amigo e advogado de Piruinha, que destacou que a família estava feliz com o retorno do patriarca.
“Ele vinha se recuperando bem. Foi uma surpresa para todos. Vai fazer muita falta, pois era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar e se esquecia de si. Se tivesse apenas R$ 2 no bolso e alguém pedisse, ele dava e ficava sem nada”, disse Queiroga.
Nascido em Campos dos Goytacazes, Piruinha participou da série "Vale o que Está Escrito", do Globoplay, que revelou a história e os bastidores da contravenção no Rio de Janeiro. No documentário, ele expressa orgulho por ser contraventor, mulherengo e pai de 19 filhos.
Antes de ingressar no jogo do bicho, foi motorista de lotação na década de 1950. Mais tarde, começou a gerenciar bancas nas regiões de Piedade, Abolição e Inhaúma, onde exerceu grande influência durante o auge do jogo.
Desde os anos 1970, quando o território do Rio era dividido entre os principais banqueiros do bicho, Piruinha controlava o jogo em áreas como Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça.
Condenação
Piruinha foi um dos 14 banqueiros presos e condenados em 1993 pela juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal, por formação de quadrilha ou bando armado. Ele e os demais bicheiros receberam a pena máxima de seis anos de detenção.
No mesmo processo, eles também foram acusados de tráfico de drogas e tortura, mas, por falta de provas, o promotor pediu a exclusão desses crimes nas alegações finais.
A sentença foi posteriormente modificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reduziu a pena pela metade. Com recursos, os advogados de defesa conseguiram excluir a condenação por bando armado. Quase cinco anos após a prisão, todos já estavam soltos.
No ano passado, Piruinha foi julgado sob a acusação de ser o mandante da morte do comerciante de carros Natalino José do Nascimento Espínola, mas acabou absolvido. Antes disso, passou dois anos preso e, após sofrer uma queda na cadeia, foi transferido para prisão domiciliar.